Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 321
Página | 321
CRISE DO CAPITALISMO E EMERGÊNCIA DA CULTURA DO
COMPARTILHAMENTO: NOVAS PRÁTICAS SOCIOECONÔMICAS E SEUS
IMPACTOS A PARTIR DE 2008 NO BRASIL
Railson Marques Garcez
[email protected]
Danielle de Queiroz Soares
[email protected]
Universidade Federal do Maranhão – UFMA
RESUMO: O sistema capitalista está em constante e profunda reorganização, reestruturação e
reconfiguração, sendo este processo inerente à sua dinâmica. Esse fato denota, dentre outras
questões, que a sociedade vivencia uma crise estrutural do capital, bem como tentativas
incansáveis do próprio sistema capitalista em se ajustar e prolongar a sua dominação sobre o
tecido social contemporâneo. As transformações pelas quais o sistema capitalista vem passando
ao longo de sua existência, decorridas de suas contradições endógenas e do aspecto estrutural
de suas crises periódicas, transformam sobremaneira a organização produtiva, a cultura e
impõem novas formas de geração e apropriação de mais-valor. Na mesma medida, contribui
para o surgimento de novas práticas econômicas e sociais que emergem, principalmente, como
resposta ao período de crise do sistema, dentre estas a Economia do Compartilhamento que,
contemporaneamente, demonstra ser uma de suas facetas mais facilmente percebida. A crise de
2008 colocou em xeque a necessidade de reinvenção de muitas economias sendo inconteste tais
efeitos na cultura, uma vez que esta se mostra indissociável do processo econômico.
Considerando esse panorama e as crescentes discussões a respeito da cultura do
compartilhamento, o objetivo deste artigo foi compreender de que forma a crise se configura
como elemento impulsionador para o surgimento de novas práticas socioeconômicas e
culturais. Para isso, buscou-se levantar as principais práticas surgidas nesse contexto após a
crise de 2008; identificar os pressupostos lógicos dessas práticas e; compreender a cultura do
compartilhamento sob o viés de seus impactos na cultura e seus reflexos na precarização do
trabalhador. A partir de uma pesquisa bibliográfica e de caráter essencialmente qualitativa, foi
possível concluir que a intensa difusão tecnológica reverberada pela Revolução Digital, emana
diversos tipos de “novas” economias e que, no caso, da Economia do Compartilhamento,
revela-se como uma distopia à situação de crise e desemprego, contribuindo para um novo
modus operandi do capitalismo e novas formas de precarização do trabalho.
Palavra-chave: Crise. Capitalismo. Cultura. Compartilhamento.