Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 289
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TEATRO E FESTA: A CONTAPOSIÇÃO ENTRE REPRESENTAÇÃO E
AUTENTICIDADE SEGUNDO JEAN- JACQUES ROUSSEAU
Irlene Veruska Batista da Silva
Graduanda Filosofia –UFMA/ Bolsista PIBIC-CNPq
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Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Façanha
Professor da Universidade Federal do Maranhão
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RESUMO: Objetiva-se fazer uma breve explanação sobre a problemática da representação
teatral a partir da crítica realizada pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua
obra Carta a D’Alembert sobre os espetáculos. Na referida obra em que se baseia esta pesquisa,
Rousseau apresenta uma crítica à representação social através das artes, com ênfase no teatro
francês do século XVIII. A representação das peças teatrais faz do teatro o espelho da virtude
e dos costumes do homem degenerado pela civilização e pelo luxo, reforçando assim, as
“mascaras socias” e o amor-próprio. Sendo o Teatro o espelho dos homens da sociedade na
qual estão inseridos, os espetáculos teatrais terão somente a função de espelhar a virtude e os
costumes desse homem já corrompido pelo amor-próprio, tendo assim um papel indispensável
na sobreposição do “eu” em relação ao corpo social e, por consequência, auxiliando na
dissipação da unidade social por meio da promoção da falsa sensação de reunião dos cidadãos,
porém nos afasta, nos isola do social. Em contraposição ao Teatro, Rousseau propõe as festas
populares para a retirada das “mascaras”, como um modo de purgação do amor-próprio e no
seu lugar surge o amor de si e a piedade (pitié), que são sentimentos naturais do homem, desse
modo, podendo manifestar a autêntica Natureza de cada individuo. Sendo um espetáculo
promovido a céu aberto, a festa permite o regozijo da coletividade, pois nela a felicidade surge
e os lações sociais são reforçados por meio da alegria de estarem reunidos. A Carta a
D’Alembert nasceu em resposta ao verbete Genebra, escrito no tomo VII da Enciclopédia por
D’Alembert, no qual este exaltava as qualidades do Teatro e sugeria inaugurar uma companhia
de comediantes em Genebra que até então era proibida na cidade do genebrino. Na Carta,
Rousseau apresenta sua crítica aos efeitos nocivos da representação do teatro para formação da
virtude dos espectadores e atribui aos jogos e espetáculos cívicos uma importância pedagógica
em oposição aos espetáculos teatrais. Assim, partindo desse contexto, iremos, tratar sobre essa
dualidade que se evidencia como um jogo de oposição entre uma sociedade corrompida pelos
espetáculos teatrais e outra livre dos efeitos corruptores da cena teatral. Nessa última, o único
espetáculo possível, segundo o filósofo, é aquele em que o próprio espectador é o espetáculo,
ou seja: as festas populares.
Palavras-chave: Carta a d’Alembert; Teatro; Representação; Festa.