Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 281

Página | 281 OBRA “O CORTIÇO” DE ALUISIO AZEVEDO COMO REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE NO FINAL DO SÉCULO XIX Ana Gabrieli Marques Silva Graduanda em Linguagens e Códigos/Português pela Universidade Federal do Maranhão [email protected] Charlyan de Sousa Lima Professor Orientador – Secretaria da Educação do Estado do Maranhão. Doutorando em Ciências: Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade do Vale do Taquari – Univates [email protected] RESUMO: A literatura está intimamente relacionada com a época de sua produção, sendo constituída a partir de relações com fatos socioculturais, nesse sentido os autores se apropriam de elementos reais de cunho social, psicológico e físico para criar suas obras literárias. Quanto a este trabalho, concentra-se no naturalismo que marcou a literatura brasileira no século XIX, os escritores desse movimento artístico-cultural utilizavam os romances para denunciar a exploração do homem pelo próprio homem e consequentemente sua animalização. Outro marco dessa corrente foi a alteração do enfoque dos romances, no qual o objeto de produção literária não era mais a família burguesa, como ressaltado no romantismo. Assim, procurava instigar a consciência dos leitores, colocando como objeto de produção o homem trabalhador, impulsionado por seus instintos, comparando-os com animais. O presente trabalho objetivou- se analisar a obra O cortiço de Aluísio Azevedo, considerando seus principais contrastes sociais em consonância com a realidade sociocultural do final do século XIX. Para fundamentação teórica desta pesquisa foram utilizados os autores: Faraco e Moura (1988Azevedo (1994),), e Campedelli (2003). A obra O cortiço foi publicado em 1890, retratando de maneira linear a representação da sociedade brasileira em meados do século XIX, relatando as relações entre os burgueses e o homem do proletariado que vivia em condições precárias. Observou-se que a obra retrata as desigualdades sociais, fazendo menção as mazelas vivenciadas por trabalhadores, ressaltando a forma como o meio interfere na degradação da moral e da ética humana, influenciando nas relações sociais e sentimentais. Aluísio Azevedo apresenta os problemas do homem sendo causados por origens externas, e ressalta a influência que o meio exerce sobre o indivíduo, condicionado pela teoria determinista de Hipólito Taine. Verificou- se também que a corrente literária seguida por Azevedo influenciou a escrita e a forma em que expressa sua opinião como narrador onisciente em relação ao meio e a degradação do homem, sendo esse o principal motivo para a desumanização do homem. Durante sua abordagem, faz diversas comparações entre os moradores do cortiço e os animais. Assim, conclui-se que a obra O cortiço pode ser uma alegoria do Brasil no século XIX que apresenta a abordagem de um novo modelo de classe social, vivendo em conjunto e se autodestruindo por ser influenciada por interesses egoístas e por instintos insaciáveis. Palavras-chave: Degradação do homem; Denúncia; Desigualdade social; Zoomorfização.