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GÊNERO E EDUCAÇÃO FEMININA EM PORTUGAL (SÉCULOS XV-XVI): UMA
ANÁLISE DOS MODELOS E CONTRAMODELOS EDUCATIVOS FEMININOS
NAS PEÇAS DE GIL VICENTE
Renata de Jesus Aragão Mendes
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Profa. Dra. Adriana Maria de Souza Zierer (Orientadora)
[email protected]
UEMA/bolsista UEMA
RESUMO: O objetivo desta comunicação é discutir a articulação entre gênero e educação
feminina em Portugal do século XVI, a partir da análise dos modelos e contramodelos
educativos femininos presentes nas peças de Gil Vicente. A análise se deu a partir da seleção
de três principais peças do teatrólogo que versam sobre o feminino: Quem tem farelos? (1515?),
Comédia de Rubena (1521) e a Farsa de Inês Pereira (1523). Essas peças foram encenadas na
e para Corte, mas as críticas morais/sociais não se direcionavam a este público. Gil Vicente,
enquanto poeta de corte, buscou defender os interesses dos próprios reis e rainhas que o
patrocinavam. Por isso, sua crítica em geral se destinava a outros tipos sociais portugueses. No
caso das personagens femininas, a crítica se dava, em geral, às moças não nobres. Este
teatrólogo, mesmo não estando ao serviço da Igreja, não deixou de defender modelos de
comportamentos ideais, baseados na doutrina cristã, que para o feminino estava idealizado no
modelo mariano. A literatura produzida por Gil Vicente é eminentemente medieval, não apenas
pela estética, mas, principalmente, pelo olhar crítico aos maus costumes, como muito insistiu a
literatura moral dessa época. A investigação nos permitiu identificar três formas de
compreensão do objeto: a primeira diz respeito ao relacionamento das mães com as filhas; a
segunda diz respeito aos comportamentos diante dos pretendentes e, por último, ao
relacionamento com o marido. Os resultados obtidos nos levaram a constatar que Gil Vicente
buscava reafirmar os padrões educacionais cristãos exigidos e que, possivelmente, as táticas de
manobra do feminino nessa época eram mais visíveis e diversificadas.
Palavras-chave: Gênero. Educação feminina. Gil Vicente. Portugal.