Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 224

Página | 224 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PODER E A VIOLÊNCIA EM HANNAH ARENDT Lorena Moreira Pinto [email protected] Marcos Francisco Teixeira Costa [email protected] Maria Olilia Serra Universidade Federal do Maranhão [email protected] RESUMO: O trabalho tem como objetivo central analisar o conceito de poder elaborado pela teórica política Hannah Arendt em seu livro Sobre a violência (1970). Desse modo, pretende- se igualmente apresentar o contexto que fomentou a obra, bem como, explicitar as distinções que a filósofa aponta entre poder, violência, força e vigor. É sob o contexto de Guerra Fria, em meio a corrida armamentista e a Guerra do Vietnã, que a autora percebe uma tendência teórica que confunde os conceitos de violência com poder, entendendo o fenômeno da violência como forma de poder. Salienta-se que o contexto dos totalitarismos, a ascensão dos regimes cuja essência é o terror, foram igualmente fatores que suscitaram a necessidade de efetuar distinções e, portanto, impulsionaram a discussão desenvolvida pela pensadora neste texto. O poder, por sua natureza política, é distinto da violência, da força e do vigor. A violência se multiplica a partir de implementos, instrumentos para efetivação de sua prática, avessa ao discurso. A força, por sua vez, é restrita a designação de elementos naturais e sociais, todavia, carrega forte conotação a-política, assim como o vigor, entendido como prerrogativa de um indivíduo ou coisa independente dos demais e mesmo contraposta a eles. Para Hannah Arendt, a violência é um fenômeno, não só alheio, como oposto ao poder: a violência é um instrumento que representa a desestruturação do poder, onde quer que a violência esteja, o poder se desfez. Pelo contrário, o poder político significa agir em conjunto, ou seja, é uma capacidade que depende do estado de transparência de um espaço público, apropriado à manifestação das atividades da ação e do discurso, onde é possível exercer a prática política por excelência, assentada na liberdade e na igualdade, em que persuadir e ser persuadido assumem preponderância ímpar. O poder não está em posse de ninguém; ele, está, antes, articulado à ação em conjunto e se dissolve no cessar da manifestação política; decorre da pluralidade, a condição humana basilar no pensamento político de Arendt. Palavras-chave: Política; Violência; Poder; Ação.