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A METÁFORA DA TECELAGEM E A LÍRICA DE ORIDES FONTELA
Juliana Santos Pacheco
E-mail: [email protected]
Orientador: Prof. Dr. Rafael Campos Quevedo
UFMA/Fapema
[email protected]
RESUMO: Esta comunicação é o resultado de discussões realizadas no Grupo de Estudos e
Pesquisa em Lírica Contemporânea de Língua Portuguesa (certificado pelo CNPQ e concebida
no departamento de Letras da UFMA) que se propõe a identificar estratégias de “diálogos”
entre a poesia contemporânea e poesia da Antiguidade. Na Antiguidade clássica, a poesia era
legitimada através da imitação de autores e modelos clássicos. Assim sendo, há formas poéticas
pré-fixadas que foram revisitadas e modificados por poetas de distintos períodos literários, mas
que na sua essência permanecem iguais. Posteriormente, esses esquemas foram investigados
pelo filólogo Ernst Robert Curtius e denominados topos, a saber, lugar-comum. Um dos topos
da Antiguidade era a inspiração poética, segundo a qual a criação poética estava relacionada à
intervenção das divindades conhecidas como Musas. No entanto, essa não foi a única
explicação de criação poética que vigorou na época. Os poetas artesãos, sobretudo Píndaro e
Baquílides entendiam a criação artística como um trabalho consciente, ou seja, um trabalho
lúcido feito a partir da técnica. Tal concepção foi reiterada por Horácio na famosa Carta aos
Pisões e por Aristóteles na Poética. Diante disso, o objetivo do trabalho é discutir a criação
poética relacionada com a metáfora da tecelagem, em oposição à inspiração poética, bem como
propor uma leitura de alguns poemas da poeta Orides Fontela, estabelecendo cotejos com a
metáfora da tecelagem. O corpus desta pesquisa está compreendido respectivamente nos livros
Transposição (1966-1967) e Teia (1996) da referida poeta. A pesquisa possui caráter
bibliográfico e utilizou-se como referencial teórico as obras: Análise e interpretação da obra
literária (1963) de Wolfgang Kayser- a fim de conceituar o topos em questão-, O espelho e a
lâmpada (2010) de M.H. Abrams, Da inutilidade da poesia (2002) de Antonio Brasileiro, assim
como a obra O ofício de Zeus: o mito da tecelagem e do tecido no mundo grego-romano (2010)
de John Scheid e Jesper Svenbro.
Palavras-chave: Topos. Inspiração poética. Metáfora da tecelagem. Orides Fontela.