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METODOLOGIA CEGA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA INCLUSIVA
Zeneide Pereira Cordeiro
E-mail: [email protected]
UFMA
RESUMO: O objetivo deste artigo é mostrar a trajetória da primeira estudante de Pós-
Graduação com deficiência da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Destacando o
processo de construção e execução de uma metodologia de pesquisa acessível para
pesquisadores com deficiência visual. Enfatiza várias estratégias de resistência que esta
estudante criou a partir do “senso prático como sentido de um jogo social que se adquire desde
a infância participando de atividades sociais” (BOURDIEU, 2004, p. 81) para que pudesse levar
a termo sua dissertação em Políticas Públicas e combater a ausência de acessibilidade
arquitetônica, comunicacional e atitudinal no ambiente acadêmico. O processo inicial de
elaboração da minha pesquisa se deu a partir de uma série de experimentações, construções e
reconstruções de métodos, técnicas e recursos que possibilitassem a acessibilidade a
instrumentos que se adequassem a minha condição de pessoa cega. Nesse processo, inseri
conhecimentos que adquiri ao longo da minha vida, de modo empírico, os quais, utilizei
primeiramente como formas para desenvolver minha autonomia, mobilidade e compreensão do
mundo e em seguida para construir meu objeto de estudo. Tomei como referência teórica e
metodológica a concepção da objetivação participante desenvolvida por Bourdieu (1989).
Afinal, havia decidido me debruçar sobre o povo Awá. Os Awá constituem o povo indígena de
contato mais recente no Maranhão e, além daqueles grupos que já foram contatados, existem
cerca de 08 grupos isolados, com aproximadamente 110 pessoas. São falantes da “língua Awá,
afiliada ao grupo tupi-guarani” (MONSERRAT 1994). Para a realização da pesquisa
bibliográfica e documental que subsidiaria minha dissertação, trabalhei com a perspectiva do
que Cunha (2004, p. 291) denominou etnografia de arquivo. O principal recurso que utilizei foi
minha audição e, por meio dela, elaborei mapas mentais com todas as fontes de pesquisa: livros,
textos, cartas, mapas cartográficos, entrevistas, documentos oficiais, informações da mídia,
músicas, filmes e vídeos. Interliguei informações que adquiri no decorrer da minha vida sobre
meu objeto, com experiências pessoais e com conhecimentos que adquiri na academia.
Portanto, os conhecimentos teóricos e práticos, eruditos e científicos que acumulei no decorrer
da minha história de vida foram essenciais para construção teórica metodológica da minha
pesquisa.
Palavras-chave: Mulher; Cegueira; Metodologia; Pesquisa