Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 125

Página | 125 MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DA REGIÃO NORDESTE: UMA ANÁLISE DA SUA REPRESENTAÇÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS Railma de Jesus Silva Ribeiro 27 [email protected] Orientadora: Profa. Ma. Dinalva Pereira Gonçalves Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) [email protected] RESUMO: As formas culturais de uma população são passadas entre as gerações com o objetivo de manter vivas suas crenças, costumes e valores. No entanto, em algumas sociedades ocorre a supervalorização de uma cultura em detrimento de outras, havendo preconceitos e marginalização a partir de estereótipos construídos historicamente, o que pode ser percebido no Brasil em relação às culturas dos índios, negros, homossexuais, ciganos, pessoas de religiões de matriz africana como o candomblé, nordestinos, etc. Segundo Paulo Freire (1976, p. 39 e 40), em seu livro Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos, cita “Na cultura do silêncio as massas são ‘mudas’, isto é, elas são proibidas de criativamente tomar parte na transformação da sociedade e, portanto, proibidas de ser”. Quando se fala da região Nordeste é comum a associação de imagens deturpadas, divulgadas pelas mídias, prestando pouca importância às suas riquezas naturais e à diversidade de sua cultura. A história, ao longo dos anos, associa o Nordeste como parte do país pobre, miserável, cercado pela seca e pela desigualdade social. Este trabalho tem como objetivo central realizar uma breve análise de como as culturas da região Nordeste são negligenciadas no currículo escolar, tomando por base livros didáticos de História. Como metodologia, utilizamos a pesquisa bibliográfica por meio de levantamento de obras/trabalhos que versam sobre a temática, bem como a análise de livros didáticos dos anos de 2008 e 2019 do 1º ao 5° ano do Ensino Fundamental, área de História. Como referencial teórico, buscamos fontes como Freire (1976), Williams (2007) e Canedo (2014). De acordo com os dados levantados, foi possível verificar que nos livros pesquisados as cidades nordestinas não são mencionadas, é comentada somente a cultura nordestina de uma forma geral, como o frevo e a capoeira, que são considerados patrimônio imaterial da humanidade no Brasil. Os livros também mencionam a extrema pobreza de algumas cidades da região e com isso tornam todo lugar indigno, insignificante. O Nordeste é visto sempre de uma forma generalista e sem uma identidade própria, representado como um só local, onde a miséria e desigualdade social prevalecem, associado à imagem da terra seca e da fome. A respeito da Cultura Nordestina, nos livros didáticos os historiadores costumam separar o estudo de história do Brasil e história do Nordeste, produzindo a visão da cultura nordestina como uma mera manifestação folclórica. A BNCC e os PCNs de História dos anos iniciais, dizem que o ensino de história deve ser trabalhado em conjunto com a história local, sendo esta adaptada ao currículo escolar; porém o que ocorre com frequência é a transformação da cultura local em manifestações superficiais de determinados períodos do ano letivo. O Nordeste é lembrando sempre pela histórica desigualdade social que é atribuída a todos os estados nordestinos, que traz como consequência o silenciamento da história dessa região no currículo escolar. Palavras-chave: Cultura nordestina; Currículo; Educação; Livro didático. 27 Estudante do 5º período de Pedagogia do Centro de Estudos Superiores de Pinheiro (CESPI) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).