Caderno de Resumo do III SIICS Caderno de Resumos do III SIICS | Page 108
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ENTRE DESIGN E ARTE: O OBJETO RESSIGNIFICADO
Felipe Pinheiro dos Reis 23
Jocy Meneses dos Santos Junior 24
Orientador: Prof. Msc. Francisco de Assis Sousa Lobo 25
RESUMO: A discussão sobre a questão da produção e do consumo de objetos, fundamental
para a reflexão sobre a cultura material de nossas sociedades capitalistas, toca em um ponto
nevrálgico da delicada relação entre arte e design. Outrora, a solução improvisada proposta para
esse impasse entre as duas áreas, em que cada uma delas tenta reivindicar determinadas
características conceituais e processuais envolvidas na concepção dos objetos que nos cercam
para seu domínio exclusivo, residia no fundamento da “utilidade”. Isto significava que, se eles
fossem úteis, sua criação competia aos profissionais de design; se não o fossem, poderia ser a
eles conferido o selo de arte, considerando que os objetivos e caminhos específicos dessa área
não buscavam culminar na idealização, produção e comercialização de objetos para o “uso” (no
sentido estritamente funcionalista do termo). No entanto, no curso dos embates entre arte e
design (ou entre artistas e designers) ao longo das últimas décadas, convém notar que, além da
incorporação de produtos “efêmeros” na arte inaugurada por Marcel Duchamp — pioneiro do
movimento dadaísta, cuja lógica desestabilizava o discurso tradicional sobre o que era a arte e
influenciou os desenvolvimentos posteriores nesse campo de modo decisivo —, na
contemporaneidade os objetos (supostamente) “banais” do cotidiano assumem significados
para aqueles que os consomem que vāo muito além de sua função puramente prática, e a sua
criação por vezes até mesmo a despreza completamente. Os novos significados, construídos a
partir de produtos criados através da manipulação criativa da conjunção entre os seus caráteres
estético e simbólico, faz com que esses objetos transitem assertivamente para além da fronteira
que se tentou erigir e consolidar ao longo do século XX para isolar em seus respectivos lugares
os campos da arte e do design. Em tempos nos quais o hibridismo entre áreas é bastante
discutido, explorado e valorizado, esse muro forçosamente construído para separar o que seria
arte do que seria design ameaça ruir. O propósito deste artigo é pensar de que modo se dá a
ressignificação de objetos que, nessa visão territorialista, teriam sido criados de um dos lados
da fronteira — neste caso, o do design —, mas passam a assumir crescentemente algumas das
características próprias daqueles pertencentes ao outro lado — as obras de arte —, bem como
expor as razões pelas quais este processo deve ser visto como uma resposta às necessidades de
mercado, em clara adequação às exigências de indivíduos que buscam crescentemente que os
bens e serviços que consomem proporcionem sensações que vão muito além da mera satisfação.
Palavras-chave: Arte e Design; Objeto; Significado; Psicologia do Consumo.
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E-mail: [email protected].
E-mail: [email protected].
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Professor Adjunto do Departamento de Desenho e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). E-mail: [email protected].
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