em vez de pensarmos que o artista seria o responsável pela criação dos efeitos presentes nas imagens, a ideia é recolocá-lo atrás da imagem e no meio da paisagem. A paisagem deixa de ser o sujeito passivo, representado, para ser o principal agente criativo. O artista passa a ser o veículo que carrega a imagem em potência (uma placa negra) e a oferece ao mar para que ele desenhe.
seria o responsável pela criação dos efeitos presentes nas imagens, a ideia é recolocá-lo atrás da imagem e no meio da paisagem. A paisagem deixa de ser o sujeito passivo, representado, para ser o principal agente criativo. O artista passa a ser o veículo que carrega a imagem em potência (uma placa negra) e a oferece ao mar para que ele desenhe.
Poderá o público submergir no objecto como agente activo e introduzir-se nesse conceito criativo da obra?
Tendo em conta o que falamos antes, o facto de ter de haver uma certa reconstrução por parte do público, no sentido de compreender o processo, pode trazer uma ideia de um envolvimento através da percepção activa. Penso que esta partilha e a composição dinâmica são capazes de convocar o público de algum modo para esta fluidez da obra e, eventualmente, fazê-lo prever um fluxo de imagens, através da continuação dos múltiplos (das fotografias e heliografias) que apresento.
Pertencendo a uma cultura com uma longa reflexão artística sobre o mar, de que modo se pode repensar esse elemento?
O mar é um elemento materialmente e historicamente muito rico. Relaciono-me com essa longa reflexão artística de que falas no modo como olho para o mar e sinto o mesmo apelo do horizonte, a vontade de entrar no mar, no campo infinito de exploração.
No meu trabalho penso que o que está em causa é mais uma vontade de encontrar formas de reestabelecer relações próximas, que reencontrem o mar como fonte de imagens, de mitos e poesia que sempre foi.
Procuro cultivar uma atitude simbólica de respeito perante o mar, uma postura que me parece relevante não só culturalmente, mas também ambientalmente.