álogo, da troca de conhecimentos, de experiências e sentimentos e da construção de novos
saberes e fazeres. Entre os seus princípios destacam-se o respeito pelo indivíduo, o diálogo, a
pluralidade e a valorização da cultura local. Apresenta-se como uma estratégia favorável ao
prolongamento do período de aleitamento materno, principalmente se as atividades forem
desenvolvidas em grupos. Nos grupos de nutrizes, as mães percebem que seus problemas são
comuns a várias mulheres, com isso minimizam seus medos e se fortalecem. Atividades educativas em grupos também têm efeito multiplicador, visto que as mulheres conversam sobre
estes encontros e sobre as orientações com seus companheiros, familiares e vizinhos 25.
O desenvolvimento de práticas educativas individuais freqüentes durante as consultas de prénatal e de puericultura e ainda, nas visitas domiciliares também tem impacto na duração do
aleitamento materno. A distribuição de material impresso pura e simplesmente, assim como
orientações fornecidas por telefone foram algumas práticas de Educação em Saúde que não
demonstraram efeito no prolongamento da amamentação 25.
Entretanto, em qualquer atividade educativa o saber popular, as crenças e práticas das famílias e das comunidades devem ser respeitadas, compreendidas e consideradas, para que não
se estabeleça uma relação conflitante entre o discurso científico dos profissionais de saúde e
o saber popular. Esta troca de saberes conduz ao diálogo, favorece uma relação de confiança
entre os profissionais de saúde e as mulheres, estimulando-as a assumir uma participação ativa neste processo e faz com elas se sintam mais confiante na sua capacidade de amamentar.
Também houve a produção de material educativo, não apenas escritos, mas também com
modelos representativos, a exemplo de coletes e molduras de “peito cobaia”.
Nas maternidades municipais, Bancos de Leite e Postos de Coleta de Leite Humano e Unidades Básicas de Saúde estão disponíveis, álbuns seriados, coletes de peito cobaia, folders
“Bom para você bom para o bebê” e o livreto “Vida melhor para uma nova vida” . Este contém
orientações sobre os direitos da mulher, do bebê e da família da internação ao puerpério, os
cuidados e informações essenciais sobre o bebê (vacinação, higiene, banho de sol, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, prevenção de acidentes, registro civil). Contêm ainda respostas às dúvidas mais frequentes, os sinais de alerta e o aleitamento materno,
dicas de como amamentar melhor, orientações quanto às dificuldades mais comuns, sobre a
ordenha e onde procurar ajuda.
Com os agentes comunitários de saúde a moldura de peito cobaia e o Kit Família Brasileira
Fortalecida, produzido pelo Unicef e parceiros, são utilizados como instrumento educativo
durante as visitas domiciliares.
O desenvolvimento das atividades de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno
nos sistemas locais de saúde, onde de fato os indivíduos requerem e são atendidos nas suas
necessidades, precisam ser pensadas de uma forma o mais capilar possível e em todos os
níveis de complexidade do sistema de saúde
Sem dúvida as políticas de aleitamento materno nos sistemas locais de saúde é um dos aspectos mais relevantes para a garantia da saúde das crianças. São inúmeras as vantagens
da amamentação para a mulher, a criança e sua família. As evidências científicas sinalizam
que o leite materno proporciona um melhor desenvolvimento infantil. No entanto há de se
enfatizar a necessária construção de intervenções baseada em evidencias científicas, sustentáveis política e economicamente com abrangência a todos que dela tenham necessidade.
No entanto, impõe-se a superação do descompasso entre a ênfase discursiva com relação às
políticas para a saúde da criança, em particular quanto ao aleitamento materno, como prioritária, em detrimento de ações concretas com previsão orçamentária para o desenvolvimento
das ações tão alardeadas como importantes e prioritárias.
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Aleitamento Materno - da visita domiciliar ao banco de leite humano