Boletim Astronomico KAPPA CRUCIS No. 1 Primavera 2017
ganhou contornos reais. O
desenvolvimento de foguetes
militares de longo alcance
durante a guerra, como os
alemães V1 e V2 desenvolvidos
pela equipe de Wernher von
Braun (WyrzyskPolônia, 1912 –
desenvolvimento de foguetes
alemães numa ilha na foz do rio
Peene, no norte do país.
A corrida espacial então
começava e colocava frente a
frente as duas maiores potências
da época. De um lado, os Estados
Werner Von Braun
Alexandria EUA, 1977), foi
decisivo para tatear a real
possibilidade de ir além de nosso
planeta...
Com o término da guerra cada
uma das potências passou a se
dedicar, além da corrida
armamentista, também à
tecnologia espacial. A Alemanha,
derrotada na guerra, foi pilhada
pelos vencedores e viu seus
principais cientistas serem
levados embora, como espólio de
guerra. O prussianopolonês von
Braun foi para os Estados Unidos
depois do conflito e levou
consigo cerca de cem cientistas
da antiga Alemanha nazista. Ele
liderou o programa espacial
norteamericano depois da
guerra, transformandose num
dos principais diretores da NASA
(Administração Nacional do
Espaço e da Aeronáutica ou
simplesmente Agência Espacial
Americana), criada em 1958. O
mesmo aconteceu com os russos,
que levaram também muitos
desses cientistas alemães, que
trabalhavam com von Braun em
Peenemünde, o centro de
Unidos, capitalista, enriquecido
por reconstruir a Europa pós
guerra e com um investimento
maior, e de outro lado, a União
Soviética, com um Estado
fechado, totalitário e com uma
economia planificada,
erroneamente e propositalmente
classificado pelo mundo
ocidental como socialista.
Os Estados Unidos já haviam
passado por uma grande
industrialização desde o final do
século XIX. Já a União Soviética
passara por um processo de
industrialização muito recente, já
que cerca de quarenta anos antes,
a Rússia e os demais Estados que
formariam posteriormente a
URSS, apresentava uma
sociedade rural com uma
economia baseada numa
agricultura pouco desenvolvida,
rudimentar, sendo basicamente
90% da sua população
analfabeta.
Ela, a Corrida Espacial
inevitavelmente apresentou dois
lados de uma mesma moeda, que
caminharam concomitantemente
ao longo das décadas. De um
lado, a curiosidade e a
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engenhosidade humana, a serviço
do progresso científico e social,
do bem para a humanidade
através da conquista e descoberta
do espaço. Do outro, a utilização
do conhecimento espacial para o
desenvolvimento de tecnologia
bélica, numa corrida
armamentista sem fim que
deixou o planeta mergulhado em
grande tensão política. Ainda
hoje colhemos frutos desse
período chamado de Guerra Fria.
De 1957, quando a União
Soviética lançou o primeiro
satélite artificial em órbita da
Terra, o Sputnik, até meados dos
anos 1980, os dois blocos
disputaram a hegemonia política
e militar do planeta. E boa parte
desse embate se deu no campo da
tecnologia e da conquista
espacial. Essa disputa foi
também no campo ideológico. A
própria meta estabelecida pelo
presidente estadunidense John
Kennedy (Brookline, 1917 –
Dallas, 1963), em seu famoso
discurso em 1961, de que em
“menos de uma década os
Estados Unidos enviariam
homens à Lua e os trariam sãos e
salvos para a Terra”, serviu a um
propósito ideológico. Cada lado
precisava mostrarse melhor e
mais poderoso para o mundo,
numa autêntica campanha
política e de confronto
ideológico entre os dois blocos.
A corrida espacial mostrou ser
um grande desafio para os norte
americanos. Já que os russos, que
tradicionalmente eram muito
bons em matemática, até a
chegada dos norteamericanos à
Lua em 1969, haviam sido
primeiro em praticamente tudo
na corrida espacial:
primeiro satélite artificial em
órbita, o Sputnik, em 1957;
o primeiro ser vivo a ir para o