Boletim Kappa Crucis KAPPA01 -Primavera-2017 | Page 31

Boletim Astronomico KAPPA CRUCIS ­ No. 1 ­ Primavera 2017 coletou muitos e muitos dados, que levarão, depois de chegar à Terra todo o pacote de dados, muitos anos para serem de fato processados e analisados. O tempo de envio dos dados para Terra por transmissão de rádio (na velocidade da luz) é de 4h25. E a sonda coletara cem vezes mais dados do que poderia enviar de uma vez. Assim, naquele momento, apenas acabara a missão de chegada, e a missão continuaria com o envio desses dados à Terra. A New Horizons continuou enviando toneladas de dados nos meses seguintes, por cerca de um ano e meio. Por isso os estudos sobre Plutão, um mundo muito distante que ainda sabemos muito pouco, a partir desses dados, estavam e ainda estão só começando! Apesar da enorme distância, o sistema de Plutão é bastante complexo e rico em atividades físicas e químicas. Sua rotação é mais lenta que a da Terra, sendo seu dia equivalente a 6,4 dias terrestres. Por estar tão longe, a temperatura de Plutão é em torno de ­230 graus celsius, podendo variar cerca de 10 graus para cima ou para baixo, dependendo de seu momento em sua órbita que se completa a cada 248 anos terrestres. Essa temperatura se aproxima do zero absoluto, que é de ­273,15 graus celsius ou 0 kelvin. É tão frio que neva nitrogênio lá! Sua fina atmosfera gelada de nitrogênio e metano produz flocos de neve de nitrogênio que cobrem parte da superfície. O ponto de fusão do nitrogênio é em torno de ­210 graus celsius e o de ebulição em torno de ­196 graus celsius. Plutão possui 5 satélites conhecidos, 4 bem pequenos. O maior deles é Caronte, descoberto em 22 de junho de 1978, por James Christy (Richmond­EUA, 1938­) e Robert Harrington (Newport News­EUA, 1942 – Black Birch­ Nova Zelândia, 1993), do Observatório Naval Flagstaff Station. Os pequenos foram descobertos recentemente. Hidra e Nix em 2005, Estige em 2011 e Cérbero em 2012. Caronte é sem dúvida o mais interessante, pois ele tem quase a metade do tamanho de Plutão, cujo diâmetro é de 2730 quilômetros, ou seja, Plutão tem cerca de dois terços do tamanho da Lua. O diâmetro de Caronte é de 1207 quilômetros. Diferente de Plutão, Caronte não tem atmosfera e provavelmente perdeu seus gases há muito tempo. Mas o fato de Caronte ser enorme se comparado a Plutão, faz com o centro de massa ou centro de gravidade do sistema Plutão­ Caronte (desconsiderando os outros quatro corpos menores, satélites, por serem muito pequenos) se localize bem longe de Plutão e mais ainda de Caronte. Portanto o mais correto para se caracterizar esse pequeno mundo distante seria dizer que se trata na verdade de um sistema duplo ou de um sistema binário de planetas­anões (antes um sistema binário de planetas), o sistema Plutão­Caronte, e que eles têm 4 satélites bem pequenos que giram, a exemplo dos dois, ao redor do centro de massa de Plutão­Caronte. Bem diferente do Sol e da Terra, por exemplo. O Sol tem cerca de 99,8% da massa de todo o Sistema Solar, o que faz com que todos os corpos girem basicamente ao redor dele, já que o centro de massa se localiza praticamente no centro do Sol, que também gira ao redor do centro de massa do Sistema Solar, apresentando aí um muito sutil movimento de bamboleio ao redor do centro de massa. No caso do sistema Terra­Lua, a Terra é bem maior que a Lua, o centro de massa se encontra também no núcleo do nosso planeta, mas não tão no centro. A Terra e a Lua giram ao redor desse centro de massa do sistema Terra­Lua, ou basicamente podemos dizer que a Lua gira ao redor da Terra. Plutão tem sua órbita ao redor do Sol bem inclinada em relação ao plano de órbitas dos planetas, e além disso tem o seu plano de órbita também inclinado, ou seja, os polos apontam para o Sol. Urano também se apresenta assim inclinado, com seus polos voltados para o Sol e o plano de órbitas de seus satélites perpendicular praticamente ao plano de órbita dos planetas. Ou Acima: Superficie de Plutão com o "coração" ­ a dir.: Caronte: a companheira do rei dos planetas anões ­ 27 ­