EXTENSÃO EM FOCO
Atualmente existe um Projeto de Lei Nº 2289/2015 que está tramitando no Congresso Nacional que pronuncia que os municípios terão até 31 de julho de 2021 para o fechamento de todos os lixões. Esperamos a criação dessa legislação por décadas. Mas... E o meio ambiente, pode esperar? A palavra “pode” vem do verbo poder. O verbo “poder”, nesse caso, tem um sentido muito diferente da sua variação semântica, o substantivo “poder”. No substantivo, a palavra “poder” está mais associada a atuação do Estado, sob suas formas de poder federal, estadual e municipal. Vamos esperar mais uma década.
O que esperamos, de fato, com esse texto, é provocar o debate para ir além da discussão de resíduos sólidos como uma questão de todos. Falar de resíduos sólidos tem que ser, sim, uma questão de todos. Mas tem que vir acompanhada de uma discussão sobre desenvolvimento sustentável, sobre educação ambiental, sobre políticas públicas, sobre o urbano, o rural, e as novas ruralidades... para podermos problematizar a própria questão de resíduos sólidos, questionando os interesses, as disputas, as invisibilidades e as decisões ambientais, sociais e, sobretudo, políticas e mercadológicas.
Nesse sentido, precisamos sim refletir sobre as nossas ações cotidianas diante de um resíduo que encontramos na rua; sobre a necessidade frenética de consumo de materiais descartáveis e sobre o consequente aumento na geração de resíduos em nossas casas, nas ruas e no meio ambiente. Mas sobretudo, precisamos refletir, discutir e problematizar essas questões nos espaços públicos. A nossa querida UAST pode, e deve, ser um caminho. Como trabalhamos a questão dos resíduos sólidos na UAST? Ou não trabalhamos? O que geramos? Como tratamos? Mesmo com alguns esforços pontuais, os resíduos continuam sendo gerados, estão aqui, do nosso lado. Entretanto, ainda fingimos não ver. Não nos pertence? Não pensar acaba sendo solução....
Podemos fazer diferente. Podemos não; vamos fazer diferente! Queremos uma UAST responsável, um município digno e um Estado com coleta seletiva e aterro sanitário; que respeite o meio ambiente e aqueles que ali vivem, e sobrevivem: sejam catadores de materiais recicláveis, visíveis e assistidos pelo Estado, ou invisíveis. Seja a população. Seja a vida, o meio ambiente.
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Disposição do lixo na zona rural de Serra Talhada - PE (Fonte: o autor)