Boletim de Notícias nº 9 | Page 19

“Não chega dizer que somos muitos, já não chega dizer que somos a 3ª língua mais falada no Facebook e na internet”, destacou a professora Ana Laborinho, afirmando ainda que é necessário mais universidades de língua portuguesa bem cotadas nos rankings internacionais, bem como destacarem-se nas investigações internacionais em língua portuguesa. “Já não basta ensinar Português. É necessário ensinar em Português!”, terminou. Na mesa-redonda “Línguas, conhecimento e inclusão social”, estiveram presentes a Professora Marisa Mendonça, Diretora Executiva do IILP, com o Professor Jean-Marie Klinkenberg, membro da Academia Real da Bélgica, e por fim o Professor Juan Carlos Jimenez, catedrático na Universidade de Alcalá, Espanha. A Professora Marisa Mendonça conduziu a sua comunicação tendo como referência a crise dos refugiados, levantando questões como “de onde vêm? Quem são? Para onde vão? E como inclui-los?”. Fazendo um paralelismo entre a mobilidade estudantil, em que facilmente consegue-se corresponder às expetativas, e os refugiados, serão os países capazes de responder às exigências impostas? Deixou a questão. Segundo a oradora, para existir inclusão social, a língua e o conhecimento são elementos fundamentais. O próprio termo “língua estrangeira” já cria uma barreira entre o “eu” e o “outro”. A Professora questiona-se: “alterar a forma como se designa as palavras pode causar mudanças comportamentais?” Em conclusão, a Professora Marisa Mendonça considerou que as instituições internacionais são chamadas a desenvolver parcerias/redes eficazes na busca de soluções globais para os complexos desafios do mundo interdependente em todos os níveis de atuação seja internacional, regional, sub-regional ou local. “Nós vivemos em redes e essa é a principal riqueza que temos de apreender e tentar tirar o maior proveito dela”. A oradora dá como exemplo o facto de vários alunos PALOP que estudam no Brasil falarem 3 a 5 línguas. O Professor Aurélio Guterres, Reitor da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), interveio neste encontro para relembrar que em Timor usa-se o português como língua de ensino, dando ainda a conhecer o projeto timorense Escolas de Referência, onde vários professores portugueses foram lecionar para Timor. Reconhecendo a responsabilidade de convergir esforços para a promoção do conhecimento mútuo e do diálogo intercultural, da implementação de uma cultura de paz e de entendimento civilizacional, assente no respeito pelos direitos humanos, ficou assente neste encontro que a lusofonia é um espírito desenvolvido ao longo de 500 anos de convívio, como referiu o Embaixador Lauro Moreira. Conclusões do Encontro Na sessão de encerramento o Secretário Executivo da CPLP, Murade Isaac Miguigy Murargy, a Secretária Geral Adjunta IberoAmericana, Mariangela Rebuá, e a Secretária Geral da Francofonia, Michäelle Jean, representada pelo Reitor da AUF, Bernard Cerquiglini, destacaram vários pontos que resultaram desta conferência: 1. Entendem que o respeito pela diversidade cultural e linguística é uma condição importante para a promoção da paz e do desenvolvimento sustentável e uma premissa para a ação conjunta dos TEL, no âmbito da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais; 2. Reiteram o compromisso com o diálogo político dos TEL, em especial nos temas que concernem a promoção do multilinguismo nas organizações internacionais, do plurilinguismo e da intercompreensão entre as línguas latinas, alicerçado em ações e iniciativas conjuntas; 3. Apoiam a convergência de iniciativas e esforços internacionais para um acesso alargado e equitativo ao conhecimento e ao ensino de qualidade, em especial do ensino plurilingue, desde as idades mais precoces; 4. Incentivam o estabelecimento de parcerias estratégicas para o apoio a programas de instituições de ensino superior para a formação e investigação de âmbito linguístico, literário, cultural e sociopolítico referente aos TEL; 5. Manifestam o empenho em dinamizar iniciativas conjuntas de divulgação cultural e científica, de âmbito regional e internacional, para a maior visibilidade e projeção internacional dos TEL; 6. Recomendam o desenvolvimento de projetos para a aprendizagem não formal das línguas e a educação intercultural, através do apoio a atividades de intercâmbio de jovens dos TEL; 7. Realçam o dever das instituições internacionais em promover estratégias concertadas para a redução das assimetrias globais, o desenvolvimento sustentável e a participação democrática na arena internacional; 8. Desejam continuar a promover reflexão política sobre temas relacionados com a agenda global, através da realização conjunta de um evento anual de alto nível. 19