“Não chega dizer que somos muitos, já não chega dizer que
somos a 3ª língua mais falada no Facebook e na internet”,
destacou a professora Ana Laborinho, afirmando ainda que é
necessário mais universidades de língua portuguesa bem cotadas nos rankings internacionais, bem como destacarem-se
nas investigações internacionais em língua portuguesa. “Já não
basta ensinar Português. É necessário ensinar em Português!”,
terminou.
Na mesa-redonda “Línguas, conhecimento e inclusão social”, estiveram presentes a Professora Marisa Mendonça,
Diretora Executiva do IILP, com o Professor Jean-Marie
Klinkenberg, membro da Academia Real da Bélgica, e por fim
o Professor Juan Carlos Jimenez, catedrático na Universidade
de Alcalá, Espanha.
A Professora Marisa Mendonça conduziu a sua comunicação tendo como referência a crise dos refugiados, levantando
questões como “de onde vêm? Quem são? Para onde vão? E
como inclui-los?”. Fazendo um paralelismo entre a mobilidade
estudantil, em que facilmente consegue-se corresponder às expetativas, e os refugiados, serão os países capazes de responder
às exigências impostas? Deixou a questão.
Segundo a oradora, para existir inclusão social, a língua e
o conhecimento são elementos fundamentais. O próprio termo “língua estrangeira” já cria uma barreira entre o “eu” e o
“outro”. A Professora questiona-se: “alterar a forma como se
designa as palavras pode causar mudanças comportamentais?”
Em conclusão, a Professora Marisa Mendonça considerou
que as instituições internacionais são chamadas a desenvolver
parcerias/redes eficazes na busca de soluções globais para os
complexos desafios do mundo interdependente em todos os
níveis de atuação seja internacional, regional, sub-regional ou
local. “Nós vivemos em redes e essa é a principal riqueza que
temos de apreender e tentar tirar o maior proveito dela”. A oradora dá como exemplo o facto de vários alunos PALOP que
estudam no Brasil falarem 3 a 5 línguas.
O Professor Aurélio Guterres, Reitor da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), interveio neste encontro
para relembrar que em Timor usa-se o português como língua
de ensino, dando ainda a conhecer o projeto timorense Escolas
de Referência, onde vários professores portugueses foram lecionar para Timor.
Reconhecendo a responsabilidade de convergir esforços
para a promoção do conhecimento mútuo e do diálogo intercultural, da implementação de uma cultura de paz e de entendimento civilizacional, assente no respeito pelos direitos
humanos, ficou assente neste encontro que a lusofonia é um
espírito desenvolvido ao longo de 500 anos de convívio, como
referiu o Embaixador Lauro Moreira.
Conclusões do Encontro
Na sessão de encerramento o Secretário
Executivo da CPLP, Murade Isaac Miguigy
Murargy, a Secretária Geral Adjunta IberoAmericana, Mariangela Rebuá, e a Secretária Geral
da Francofonia, Michäelle Jean, representada pelo
Reitor da AUF, Bernard Cerquiglini, destacaram
vários pontos que resultaram desta conferência:
1. Entendem que o respeito pela diversidade
cultural e linguística é uma condição importante para
a promoção da paz e do desenvolvimento sustentável
e uma premissa para a ação conjunta dos TEL, no
âmbito da Convenção sobre a Proteção e Promoção
da Diversidade das Expressões Culturais;
2. Reiteram o compromisso com o diálogo
político dos TEL, em especial nos temas que
concernem a promoção do multilinguismo nas
organizações internacionais, do plurilinguismo e da
intercompreensão entre as línguas latinas, alicerçado
em ações e iniciativas conjuntas;
3. Apoiam a convergência de iniciativas e
esforços internacionais para um acesso alargado e
equitativo ao conhecimento e ao ensino de qualidade,
em especial do ensino plurilingue, desde as idades
mais precoces;
4. Incentivam o estabelecimento de parcerias
estratégicas para o apoio a programas de instituições
de ensino superior para a formação e investigação de
âmbito linguístico, literário, cultural e sociopolítico
referente aos TEL;
5. Manifestam o empenho em dinamizar
iniciativas conjuntas de divulgação cultural e
científica, de âmbito regional e internacional, para a
maior visibilidade e projeção internacional dos TEL;
6. Recomendam o desenvolvimento de projetos
para a aprendizagem não formal das línguas e a
educação intercultural, através do apoio a atividades
de intercâmbio de jovens dos TEL;
7. Realçam o dever das instituições internacionais
em promover estratégias concertadas para a
redução das assimetrias globais, o desenvolvimento
sustentável e a participação democrática na arena
internacional;
8. Desejam continuar a promover reflexão
política sobre temas relacionados com a agenda
global, através da realização conjunta de um evento
anual de alto nível.
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