18 muito bem-recebida. Deram-me de comer, arranjaram umas mantinhas para eu dormir, levaram-me ao veterinário para ver se eu tinha algum problema de saúde, e para saberem quantos anos tinha, deram-me um nome novo – que achei um bocado estranho – e pediram-me para fazer umas poses lindas para me tirarem fotografias, mas acima de tudo, deramme muitos mimos e eu retribui com muitos abanicos da minha cauda e sorrisos.
SCALA
Saudações caninas e abanos de cauda para todos.
O meu nome é ESCALADA, mas
chamam-me SCALA. Não me lembro do nome que tinha antes, mas agora também já não importa.
Acho que a minha vida anterior era uma vida de cão, normal. Num dia quente de Agosto resolvi dar uma voltinha. De cheiro em cheiro lá fui andando e, quando dei por mim, não sabia onde estava nem conseguia encontrar o caminho de volta. Que aflição.
Tentei chamar a atenção de alguns daqueles seres só com duas pernas, mas a maioria deles, por mais olhinhos doces que fizesse, não me ligaram nenhuma. Finalmente, já desesperada, cheia de fome, houve um deles que me olhou com olhos de gente, e decidiu levar-me para casa.
O senhor não podia ficar comigo e resolveu pedir ajuda a uns amigos de uma associação, a AZIMUTE RA- DICAL, para ajudarem a encontrar a casa de onde eu tinha saído. Fui
18 muito bem-recebida. Deram-me de comer, arranjaram umas mantinhas para eu dormir, levaram-me ao veterinário para ver se eu tinha algum problema de saúde, e para saberem quantos anos tinha, deram-me um nome novo – que achei um bocado estranho – e pediram-me para fazer umas poses lindas para me tirarem fotografias, mas acima de tudo, deramme muitos mimos e eu retribui com muitos abanicos da minha cauda e sorrisos.
Tentaram encontrar os meus donos. Puseram fotos na internet, falaram com as pessoas ali da zona, mas ninguém apareceu a reclamar-me. Ao principio fiquei triste, mas trataramme tão bem que depressa me habituei a esta casa nova, onde entrava tanta gente, e onde todos me tratavam bem.
Eu sou bem calminha e caseira, mas há coisas a que nenhum cão consegue resistir … O cheiro de carne( hamburgers, couratos, salsichas- … e até farturas) que vinha lá mais do fundo da rua, da Feira da Luz. Resolvi investigar e consegui escapar-me.
Eu sei que andaram desesperados à minha procura durante dias, imagino que tenham posto mais fotografias na net, mas eu andava muito entretida. Encontrei o amor que, infelizmente durou pouco. Lá estava eu novamente sozinha, com fome e muito suja.
Mas posso dizer que sou um bicho com sorte. Não sou nada de especial. Sou uma rafeira como há centenas espalhadas pelas ruas, mas sou simpática e sei bater a pestana para as pessoas certas. E arranjei outra casa para ficar.
A tia Carla e o tio António fizeram tudo por mim. Comidinha da boa( do tipo Nuggets e torradas... ups... desculpem Tios, não era para dizer pois não?), soninhos na cama deles, muitos mimos e até me levaram à praia para experimentar a sensação de molhar as patas e correr na areia. Foi tão bom! Mas eu não era deles e a tia Carla tinha espalhado pelo Facebook que me tinha encontrado e foi aí que a AZR voltou a encontrar-me. Como estes tios me trataram tão bem, e como gostam tanto de mim, passei a ter uma família alargada. Continuo a estar com eles quando é possível e dou-me muito bem com esta guarda partilhada.
Comecei depois a ficar preocupada. Estava a transformar-me numa cadela barriguda, não me apetecia fazer nada para além de dormir e comecei a notar uma preocupação constante dos meus tios. Estaria a comer demais ou os meus amores na Feira da
31 de MARÇO de 2017- Boletim Semestral