Bibliotecando nas Bibliotecas Comunitárias Único | Page 167
mais próximo. Seu amigo de calçada, de viaduto, aqueles com quem
divide os jornais para coberta que também participam dessa maldita
guerra. Na hora do vamos ver, de quem pegar primeiro é indistinto seu
inimigo, todos os que almejam chegar à frente, tornam-se adversários.
O respeito e a cordialidade desaparecem e o que se vê é uma batalha
sangrenta pelo alimento, pela sobrevivência. O que mais impressiona é
a ausência de sensibilidade e de culpa, pois nada fere os seus
propósitos, nem os meios para alcançá-lo, não importa se vai ferir ou
ser ferido, se vai deixar com fome o irmão, não lhe abala a
consciência. Mesmo sabendo do mal que possa causar a seu
semelhante, ele não recua, e nem hesita em lhe tirar o sustento. Na
leitura dos que observam, sabia ser, um zero à esquerda, lixo humano
sem registros, simplesmente fora dos anais, descartados para morrer,
sem o direito de reciclagem. Essa teimosia pela vida, só é visto por ele
mesmo, pois os que os cercam já os consideram morto. Essa é uma
luta desumana, galgada no desprezo e na cobiça do homem, que, na
busca desenfreada pelo ter, esquece o verdadeiro sentido da vida, a
razão do ser.