Bibliotecando nas Bibliotecas Comunitárias Único | Page 163
ao fim. Receoso e já acabrunhado por seguidos insucessos,
passou a administrar sua pequena economia; as refeições
costumeiras: café, almoço e jantar, foram minguando,
transformando-se em pequenas rações, a cada dia diminuindo
mais. Logo, quando desembarcara na Praça da Sé, consegui
alugar uma pequena vaga numa galeria em um porão
malcuidado, infestado de Ratos e insetos, pois era só o que podia
pagar. Com o agravamento da situação, cada vez ficava mais
difícil manter esse abrigo, pois se pagasse não lhe sobrava o do
alimento e visse versa. Diante desse dilema, e sem conseguir o
desejado emprego, só lhe restava uma opção, oferecer seus
serviços, lavando pratos e fazendo limpeza em bares em boteco
em troca de um prato de comida. Esse momento se tornou praxe,
e já perdurava por tempo indesejado, pois não era sua intenção
permanecer vivendo de biscates. Havia aceitado essa condição
como provisória, já que tudo que sobrou para prover seu sustento
acabou-se e esse emprego não veio. Mesmo trabalhando duro
nessas pontas de serviços, aproveitado pelos donos de
estabelecimentos, necessitava também ganhar algum dinheiro,
não só a comida de cada dia, para poder manter-se em seu
pequeno e sujo abrigo. Por mais que tentasse, não conseguia que
os seus eventuais patrões lhe pagassem em dinheiro, por isso,
não resistindo às cobranças de seu locador, a rescisão do formal
contrato foi inevitável. Ora, a rua era seu lar, sem nenhum
suporte, via aproximar-se uma nuvem escura e tenebrosa que
rondava espreitando sua cabeça. Um momento desesperador,
sem ter para quem apelar, perambulou pelas ruas em busca de
um local para abrigar-se do frio noturno, terminou em baixo de
uma marquise acompanhado por diversos colegas de infortúnio.
Viu ali a realidade dos desventurados, que seguiram esse
espinhoso caminho. Até para ser mendigo ou pedinte, era difícil,
pois uma concorrência brutal se instalava nas ruas. Conseguir
uma vaga nos locais públicos para não dormir no relento,
consistia em uma luta perene, pois, para cada canto, um dono se
apresentava. A proteção de que ele dispunha, estava velada no