atómica maio de 2023 | Page 18

Megaprojetos Espaciais:

O Futuro da Humanidade a Uma Escala Astronómica

 Por: Filipe Andrés

Uma das características únicas da humanidade, que a distingue de todas as outras formas de vida, é o modo como altera o ambiente, em função das suas necessidades. E não há maior evidência dessa realidade do que os megaprojetos: empreendimentos de larga escala que representam aquilo de que a humanidade é capaz. No entanto, além desses projetos já conhecidos, existem ainda megaprojetos hipotéticos que, embora sejam teoricamente possíveis, parecem saídos diretamente de um filme de ficção científica. Neste artigo, vamos explorar três desses megaprojetos futuristas que desafiam a nossa compreensão da engenharia e da tecnologia.

Esferas de Dyson 

Uma das maiores questões que a humanidade enfrenta atualmente é a sua dependência energética, e como a poderemos suportar no futuro. Se a humanidade deseja tornar-se uma espécie interestelar, terá de conseguir obter quantidades enormes de energia. Uma solução possível seria a construção de uma esfera de Dyson, uma megaestrutura que envolveria completamente uma estrela, capturando toda a sua produção energética.

A ideia da esfera de Dyson foi proposta pela primeira vez pelo físico inglês Freeman Dyson, que, nos anos 60, especulou que uma civilização alienígena avançada poderia construir esta estrutura para sustentar as suas necessidades energéticas. A construção de uma esfera de Dyson seria uma tarefa de proporções quase incompreensíveis, mas seria uma solução extremamente eficiente para a captura de energia estelar.

A deteção de uma estrela com uma assinatura espectral ou brilho incomum poderia sugerir a existência de uma esfera de Dyson, portanto, a presença de uma civilização extraterrestre altamente desenvolvida. A busca por essas assinaturas distintas é uma das principais áreas de pesquisa na pesquisa de vida inteligente fora do nosso planeta.

Estas estruturas representam uma civilização de tipo 2 na escala de Kardashev, um método de classificar o avanço de uma civilização. Uma civilização de tipo 2 é capaz de aproveitar toda a energia disponível na sua estrela hospedeira, enquanto uma civilização de tipo 1 é capaz de utilizar toda a energia disponível no seu planeta de origem. Já uma civilização de tipo 3 seria capaz de utilizar toda a energia disponível na sua galáxia. A construção de uma esfera de Dyson seria um marco significativo no progresso tecnológico de uma civilização, tornando-se um objeto de estudo e especulação na comunidade científica. No entanto, ainda não temos evidências concretas da existência de esferas de Dyson ou de civilizações de tipo 2 na nossa galáxia.

A esfera de Dyson não pode ser uma estrutura singular. Se houvesse qualquer interferência num lugar particular, isso significaria o seu colapso total. Uma versão mais realista seria constituída por uma infinidade de satélites, cuja massa seria de cerca de quinhentos quintilhões de quilogramas. Estes satélites seriam construídos a partir do desmantelamento de um planeta inteiro, como Mercúrio. Na prática, seriam espelhos gigantes, capazes de sobreviver durante milénios,  focando a luz solar em estações de recoleção que transformariam a luz em energia útil.

Earth from Space. Credit: NASA Earth Observatory,