atómica fevereiro de 2025 | Page 41

Já reparou que a Geologia está em todo o lado? Nos edifícios que construímos, nos pavimentos que pisamos, em muitos objetos que usamos e, claro está, nas paisagens naturais que nos envolvem. Desde as montanhas que moldam a paisagem até aos fósseis escondidos nas rochas, Portugal é um verdadeiro museu a céu aberto. Assim, neste quinto número da Atómica, propomos 10 locais onde as rochas contam histórias da evolução da Terra e da vida. Calce as botas, prepare o olhar atento e venha descobrir como as rochas transformam o nosso país num palco onde o passado ganha vida. E quem sabe, talvez até veja que o chão que pisa é muito mais fascinante do que parece!

Geoparque Litoral de Viana do Castelo

Este território no norte do país, com cerca de 320 km², preserva uma rica herança geológica com eventos que remontam a mais de 500 milhões de anos. Entre os seus 13 monumentos naturais, destacam-se as Gotas Magmáticas do Canto Marinho, formações resultantes de escoadas de magma que solidificaram rapidamente em contacto com a água, e as Relíquias do Rheic das Pedras Ruivas, que testemunham a fragmentação de supercontinentes. Para detalhes específicos, o site oficial do geoparque e os pontos de informação locais são boas fontes para programar a visita.

 

Arouca Geopark

Também localizado na região norte de Portugal, o Arouca Geopark é um território de enorme relevância geológica, reconhecido pela UNESCO como geoparque mundial desde 2009. O seu património inclui um conjunto de 41 geossítios representativos do valor e diversidade da geologia desta região. Entre os de maior relevância estão as Pedras Parideiras, um fenómeno raro de libertação de nódulos graníticos, a coleção de fósseis de trilobites gigantes no Museu das Trilobites e os icnofósseis de Mourinha e Cabanas Longas. Este geoparque é um destino privilegiado para explorar a Geologia ao longo de uma paisagem deslumbrante.

 

Cabo Mondego

Situado na costa oeste de Portugal, um pouco a norte da Figueira da Foz, o Cabo Mondego é um dos locais de referência para o estudo da Paleontologia, destacando-se pela sua rica diversidade fossilífera. Classificado como Monumento Natural em 2007, este local é conhecido por expor uma sucessão estratigráfica única, datada do Jurássico Superior (163,5 e 145 M.a.). Nas formações rochosas, em particular as falésias de arenitos e calcários, são encontrados muitos fósseis incluindo amonites, nanofósseis calcários e pegadas de dinossauros terópodes, conjunto que é importante para a investigação científica e para a compreensão da evolução geológica e biológica da Terra. 

Buracas do Casmilo, Condeixa-a-Nova

Perto da aldeia de Casmilo, no distrito de Coimbra, encontram-se as Buracas de Casmilo, cavernas que parecem ser a casa de seres mágicos, mas ainda mais fascinantes porque são reais! Estas cavernas formaram-se no Jurássico Médio (174-163,5 M.a.), graças à ação combinada da água e do gelo na erosão de rochas calcárias. Localizam-se no Vale das Buracas, um vale fluvio-cársico inserido numa região abundante em monumentos naturais de origem predominantemente cársica.

 

Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

Este outro exemplar de paisagem cársica é um dos mais emblemáticos de Portugal, repleto de grutas, nascentes e formações calcárias. Junto à praia fluvial de Olhos d'Água encontramos a nascente do rio Alviela, que brota água originária da chuva que se precipita e  infiltra no Planalto de Santo António e é conduzida até este local por uma complexa rede de galerias subterrâneas. Entre as grutas, para além das muito visitadas grutas de Mira de Aire, destaca-se o algar do Pena, uma cavidade vertical impressionante, e as grutas de Alvados e de Santo António, que oferecem formações geológicas notáveis. A região é ainda rica em rochas com fósseis, como ouriços e estrelas-do-mar que testemunham a presença da linha de costa de um mar antigo e trilhos de pegadas de dinossauros que passearam nesta área.

Para quem deseja aprofundar o conhecimento sobre este ambiente único, o Centro de Ciência Viva do Alviela é uma visita imperdível. O carsoscópio aqui disponível disponibiliza experiências interativas que explicam os fenómenos cársicos.

Penedo do Lexim, Mafra

O Penedo do Lexim, situado em Mafra, é um raro exemplo de chaminé vulcânica exposta. Este fenómeno ocorreu há cerca de 72 M.a., no final do período Cretácico, quando o magma ascendeu pelo interior da crosta terrestre e solidificou no interior da chaminé. Durante o arrefecimento do magma, formou-se uma disjunção prismática, característica das rochas basálticas. Este padrão de fracturação em colunas, geralmente hexagonais, resulta da contração térmica do material vulcânico enquanto arrefece e solidifica, originando prismas regulares que atualmente podem ser observados na estrutura resistente do penedo.