atómica fevereiro de 2025 | Page 35

O termo “déjà vu” é uma expressão francesa que significa “já visto”.

Consiste numa sensação de familiaridade quando em contato com uma situação nova. A origem e o mecanismo da sua ocorrência ainda são tópicos em análise na ciência. 

Como ocorre o déjà vu?

Não dura muito tempo e acontece pelo menos uma vez na vida, principalmente enquanto jovem, a cerca de 70% da população, e a sua ocorrência diminui ao longo da vida.

As causas do déjà vu ainda não são conhecidas com exatidão. Há várias teorias, algumas meramente especulativas e até místicas (vida passada, visões sobrenaturais, etc.), outras com pretensas bases científicas.

Alguns cientistas consideram que o déjà vu se deve a algo que desperta no indivíduo uma sensação que ele associa a alguma experiência vivida anteriormente. Tal parece acontecer em indivíduos com maior poder socioeconómico, o que lhes confere um leque de vivências e conhecimentos mais alargado.

Mas, mesmo entre eles, existem divergências profundas. Alguns pesquisadores relatam que o cansaço, a ansiedade e o stress potenciam este fenómeno; outros afirmam justamente o contrário.

Outros  referem que também acontece em pessoas com  epilepsia  do  lobo temporal, revelando  que o déjà vu pode ter como origem uma descarga elétrica anómala no cérebro, mais especificamente no hipocampo. No entanto, esse tipo de déjà vu, embora parecido, é diferente do fenómeno do déjà vu comum.

O estudo fisiológico do déjà vu torna-se difícil porque  este ocorre sem qualquer aviso prévio e tem uma duração muito curta.  Nos estudos efetuados recorreram a processos variados, tais como:

• Ressonância magnética funcional, para identificar os vários locais do cérebro envolvidos em experiências de déjà vu

• Simulações de laboratório: algumas experiências tentam induzir déjà vu, utilizando estímulos visuais e/ou auditivos semelhantes. 

• Relato pessoal e questionários: estudos baseiam-se em autorrelatos, para se entender a frequência e as características do fenómeno. 

Nesta procura, encontraram uma correlação com a memória.  O  cérebro  possui:

  • Uma memória imediata: capaz, por exemplo, de repetir prontamente um número de telefone que é dito e logo em seguida esquecê-lo.

  • Uma memória de curto prazo: que dura algumas horas ou dias, mas que pode ser consolidada.

  • Uma memória de longo prazo: que dura meses ou até anos, usada na aprendizagem de uma língua, por exemplo.

  • Parece que o déjà vu surge quando há uma falha cerebral e os acontecimentos são armazenados diretamente na memória de longo ou médio prazo, sem passar pela memória imediata, o que dá a sensação desse facto já ter ocorrido anteriormente.

       Outra abordagem diferente, defende que o déjà-vu é uma espécie de teste natural de memória, o que significa que a pessoa que tem essa experiência tem a sua memória a funcionar corretamente.

    Conclusão

    Embora existam muitas teorias, a sua origem exata continua desconhecida. Entretanto, estudos recentes têm dado pistas importantes sobre como o cérebro humano processa informações e memórias. A investigação futura pode não somente trazer novas perceções aos mistérios do déjà vu, como ampliar a nossa compreensão dos sistemas complexos da cognição.