O termo clone tem origem etimológica na palavra grega klon, “rebento”, e foi usado em 1903 pelo botânico Herbert J. Webber para descrever uma colónia de organismos originados a partir de um único progenitor através de reprodução assexuada.
A clonagem consiste, em linhas gerais, na produção de cópias de um indivíduo sem que haja troca de material genético com outro organismo, logo os descendentes, clones, são idênticos àquele que os originou.
Este processo é realizado de forma artificial com a intervenção do Homem, mas na natureza é comum em bactérias, plantas e noutros organismos com reprodução assexuada.
A clonagem pode originar cópias de um organismo, célula ou molécula, o que para além de facilitar as investigações e estudos em laboratório, ainda permite aos cientistas utilizarem as suas potencialidades de diversas formas. Algumas dessas situações são:
1. Clonagem molecular: É utilizada para gerar múltiplas cópias de determinado segmento de DNA (gene), pelo qual haja algum tipo de interesse. É comumente utilizada para produzir insulina e outras proteínas humanas.
2. Clonagem reprodutiva: Refere-se à criação de um novo ser, a partir de uma célula somática de um outro organismo. Neste processo, o núcleo da célula somática é transferido para um oócito cujo núcleo foi removido, e o oócito é então estimulado a se dividir e desenvolver num novo organismo.
3. Clonagem terapêutica: É uma técnica que visa obter células estaminais embrionárias, que são células indiferenciadas/pluripotentes com a capacidade de se desenvolverem num dos 200 tipos de células do organismo. Podem ser estimuladas a converterem-se em qualquer tipo de célula no organismo, servindo para reparar ou substituir células ou tecidos danificados ou destruídos por doenças, como a doença de Parkinson, o diabetes e as lesões da medula óssea.
As bactérias geram naturalmente os seus clones ao se reproduzirem por reprodução assexuada (sem a intervenção de dois progenitores), e em certas espécies vegetais como o morangueiro, a batateira e nas suculentas, também é algo comum. O Homem também dá uma forte ajuda no fabrico de clones de roseiras, laranjeiras e pessegueiros: ao cortar o seu caule em diversas partes e plantar as “mudas”, origina cópias das plantas originais - clones - sem a intervenção de outra planta.
Já a clonagem de animais é um processo bem mais complexo do que nas plantas. O aparecimento de novas técnicas de manipulação e cultura celular permitiram a clonagem laboratorial de diversos mamíferos.
Em 1996, foi anunciado o caso mais emblemático de clonagem de organismos a partir de células de um indivíduo adulto. Resultante das experiências de Ian Wilmut e seus colaboradores, nasceu a ovelha Dolly. Para gerar esse animal, cujo nome era uma referência à cantora Dolly Parton, o núcleo retirado de células de glândulas mamárias de ovelhas da raça finn-dorset foi introduzido em ovócitos com núcleos previamente removidos. Dos 247 embriões gerados, o da Dolly foi o único que se desenvolveu, mas cedo se verificou que tinha artrite e as extremidades dos seus cromossomas encurtadas, confirmando-se que a Dolly sofria de envelhecimento precoce.
Investigadores no Japão também constataram que certos ratos domésticos clonados apresentavam uma vida mais curta, lesões hepáticas, pneumonia grave, tumores e baixa imunidade.
Desta forma, uma das questões desencadeadas com o nascimento da Dolly: Será que é possível clonar humanos?, rapidamente perdeu algum encantamento.
Ao longo do tempo foram surgindo variadas “fake news”, e em 2003 culminaram com a primeira declaração pública de clonagem humana, sem que tivessem sido apresentadas quaisquer provas científicas. Hoje, apesar de dominarmos algumas técnicas associadas ao processo, a taxa de sucesso das experiências de clonagem animal é muito baixa e não temos como acreditar que tal será diferente no caso humano. Os desafios são tão complexos e a oposição ética à ideia está tão consolidada na legislação da maioria dos países, que é difícil imaginar que ela venha a acontecer nas próximas décadas. ∎
A ovelha Dolly