Operação Carne Fraca: A produção da carne no Brasil
Carne misturada com papelão, frango com absorção de água além dos limites permitidos. Carne com a bactéria salmonela, com data de validade vencida, com produto químico para disfarçar o que já apodreceu. Em março deste ano, foi deflagrada a Operação Carne Fraca, uma ação da Polícia Federal e do Ministério Público para identificar irregularidades nos frigoríficos.
Após dois anos de investigação, a polícia descobriu que fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura participavam de um esquema de corrupção - cobravam propina em dinheiro para esconder eventuais problemas com a qualidade do produto que era destinado ao consumo local e também à exportação.
Cerca de 30 empresas foram alvos da Polícia Federal, entre elas, a JBS (dona das marcas Friboi e Seara) e a BRF (dona da Perdigão e Sadia). Logo após a notícia, a população brasileira ficou com medo da qualidade e segurança da carne que estavam comprando nas gôndolas de supermercados.
Alguns países suspenderam temporariamente as importações de carne brasileira - 18 países ou blocos adotaram algum tipo de restrição à importação de carne do Brasil. Com o embargo temporário, em apenas dois dias as vendas de carnesinternacionais desabaram de R$ 61 milhões (média diária) para R$ 74 mil.
O governo trabalhou para minimizar os danos e convocou ministros e empresários para estancar a emergência. Segundo o governo, apenas 21 frigoríficos mostravam algum problema, um número considerado pequeno diante de 4.837 unidades de produção animal do Brasil. Isso corresponde a 0,43% do total nacional.
A ideia era provar que se tratavam de casos pontuais já resolvidos, que foram superdimensionados pelos investigadores.
Apesar disso, não é possível saber o total de adulterações existentes no país inteiro ou se há casos desconhecidos, pois os frigoríficos não foram todos visitados e não houve uma pesquisa de amostragem para uma estimativa estatística.
Com a falta de dados precisos, a operação policial foi acusada de provocar um estrago na economia brasileira e ter promovido uma comunicação sensacionalista, causando a sensação no consumidor de que toda carne brasileira era imprópria para o consumo.
Em maio, apesar da imagem do país ter sido arranhada pela Carne Fraca e a confiança nas empresas do setor ter caído, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) divulgou um resultado positivo nas exportações. Ao final do mês de março, houve um crescimento de 22% do faturamento na comparação com fevereiro.
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O país cria o gado em pasto livre e em vastos espaços. Atualmente a pecuária ocupa 180 milhões de hectares de terras no Brasil. Em 1974, o rebanho brasileiro contava com 90 milhões de cabeças. Em 2016, havia 219 milhões de cabeças. Em 2016, havia 219 milhões de cabeças de gado, distribuídos em mais de 20% do território do país (dados da Agroconsult). Ou seja, a população de bois é maior do que a humana.
A produção nacional de carne de boi vem crescendo a cada ano e passou de 6,09 milhões de toneladas em 1994 para 9,56 milhões de toneladas em 2015. A cadeia produtiva da pecuária movimenta mais de R$483,5 bilhões e emprega diretamente sete milhões de pessoas em fazendas e indústrias.
Na última década, o Brasil registrou crescimento de 135% no valor de suas exportações. Hoje 20% da produção de proteína animal é exportada para 150 países, o que faz com que sejamos o maior exportador de carnes do mundo.
O país da pecuária