Atualidade Cosmética 167 Atualidade Cosmética 167 | Page 27

com metodologia, até materiais que vêm da internet, das mídias sociais, que não é uma informação estruturada. O sistema processa tudo isso. Mas, o ponto central, sempre foi manter o consumidor no cen- tro. “O que o consumidor quer?” Essa é a base do nosso trabalho. Apostamos na tecnologia não pela tecnologia em si, mas sim para conseguir agradar mais ao con- sumidor, inovar mais, surpreendê-los. Então, qual a grande revolução? Com a inteligência artificial conseguimos am- pliar a paleta de criação do perfumista muito mais do que qualquer grupo de perfumistas ou todos os perfumistas do mundo conseguem fazer. Isso permite trazer coisas totalmente diferentes para o mercado. Só que temos que sempre nos questionar: “será que o consumidor vai gostar disso?”. E depois é preciso estar com as coisas bem amarradas, ou você terá uma fragrância muito boa, uma em- balagem muito boa, mas que não con- versa com a comunicação, não conversa com a necessidade do consumidor. E esse perfume, por melhor que seja não vai ser um sucesso. TIAGO MARTINELLO, DO GRUPO BOTICÁRIO: tecnologia e inovação só fazem sentido se o consumidor estiver no centro da estratégia. damos alguns projetos que já estávamos conduzindo dentro do grupo e conse- guimos rapidamente desenvolver a pri- meira fragrância utilizando a IA. E como foi na pratica, vocês brifaram o sistema de inteligência artificial da mes- ma forma que fazem com os perfumistas? Sim. Só depois começamos a olhar para o portfólio e a entender qual a marca que teria mais adequação, que faria sentido para o público daquela marca. Aí che- gamos a conclusão de que essa propos- ta cairia melhor com os consumidores mais jovens, a geração Y, mais ligados em tecnologia e isso nos levou à marca Egeo. Mas ninguém sabia disso durante o processo de desenvolvimento. Só no lançamento é que divulgamos. É muito importante ressaltar que nesse proces- so todo, nunca pensamos em substituir o perfumista ou o avaliador, mas sim, como que poderíamos extrair o melhor de modelo que une um sistema de inte- ligência artificial e os perfumistas. Um dos pilares da inteligência artifi- cial é a capacidade de processar gran- des volumes de informações. No pro- cesso criativo, com que tipo de dados vocês abasteceram o sistema? Inputamos muitos dados, tanto estrutu- rados quanto não estruturados. Desde uma pesquisa, que é super estruturada, # 167 | jun/jul 2019 25 AtuAlidAde COSMÉtiCA Com o briefing e esse grande volume de informações, foi mais fácil chegar ao ponto desejado? Um dos cernes da inteligência artifi- cial é que ela aprende, aperfeiçoa-se na medida em que você a usa e a ensina. Ainda antes de passarmos os briefings, os primeiros testes foram difíceis. Eram milhões de fórmulas, mas não chegá- vamos em propostas adequadas. Uma fragrância de perfumaria fina é muito complexa, você chega às vezes a ter até 100 ingredientes. Foi preciso treinar o sistema, começando com fragrâncias mais simples, isso foi um trabalho mui- to forte da Symrise com a IBM. Quando entramos com o briefing, o sistema já es- tava num nível de maturidade bom. E aí sim, quando entramos com o briefing no sistema foi muito rápido. Rapidamente ele nos apresentou soluções muito den- tro do que a gente acreditava. Pratica- mente não mexemos na fragrância, foi a criação que o sistema trouxe para gente e que aí sim, foram avaliadas por todos nós junto com os perfumistas. E nós entendemos que eram criações inova- doras, que traziam algum risco, porque