com metodologia, até materiais que vêm
da internet, das mídias sociais, que não é
uma informação estruturada. O sistema
processa tudo isso. Mas, o ponto central,
sempre foi manter o consumidor no cen-
tro. “O que o consumidor quer?” Essa é
a base do nosso trabalho. Apostamos na
tecnologia não pela tecnologia em si, mas
sim para conseguir agradar mais ao con-
sumidor, inovar mais, surpreendê-los.
Então, qual a grande revolução? Com a
inteligência artificial conseguimos am-
pliar a paleta de criação do perfumista
muito mais do que qualquer grupo de
perfumistas ou todos os perfumistas do
mundo conseguem fazer. Isso permite
trazer coisas totalmente diferentes para o
mercado. Só que temos que sempre nos
questionar: “será que o consumidor vai
gostar disso?”. E depois é preciso estar
com as coisas bem amarradas, ou você
terá uma fragrância muito boa, uma em-
balagem muito boa, mas que não con-
versa com a comunicação, não conversa
com a necessidade do consumidor. E esse
perfume, por melhor que seja não vai ser
um sucesso.
TIAGO MARTINELLO, DO GRUPO
BOTICÁRIO: tecnologia e inovação
só fazem sentido se o consumidor
estiver no centro da estratégia.
damos alguns projetos que já estávamos
conduzindo dentro do grupo e conse-
guimos rapidamente desenvolver a pri-
meira fragrância utilizando a IA.
E como foi na pratica, vocês brifaram o
sistema de inteligência artificial da mes-
ma forma que fazem com os perfumistas?
Sim. Só depois começamos a olhar para
o portfólio e a entender qual a marca que
teria mais adequação, que faria sentido
para o público daquela marca. Aí che-
gamos a conclusão de que essa propos-
ta cairia melhor com os consumidores
mais jovens, a geração Y, mais ligados
em tecnologia e isso nos levou à marca
Egeo. Mas ninguém sabia disso durante
o processo de desenvolvimento. Só no
lançamento é que divulgamos. É muito
importante ressaltar que nesse proces-
so todo, nunca pensamos em substituir
o perfumista ou o avaliador, mas sim,
como que poderíamos extrair o melhor
de modelo que une um sistema de inte-
ligência artificial e os perfumistas.
Um dos pilares da inteligência artifi-
cial é a capacidade de processar gran-
des volumes de informações. No pro-
cesso criativo, com que tipo de dados
vocês abasteceram o sistema?
Inputamos muitos dados, tanto estrutu-
rados quanto não estruturados. Desde
uma pesquisa, que é super estruturada,
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AtuAlidAde COSMÉtiCA
Com o briefing e esse grande volume
de informações, foi mais fácil chegar
ao ponto desejado?
Um dos cernes da inteligência artifi-
cial é que ela aprende, aperfeiçoa-se na
medida em que você a usa e a ensina.
Ainda antes de passarmos os briefings,
os primeiros testes foram difíceis. Eram
milhões de fórmulas, mas não chegá-
vamos em propostas adequadas. Uma
fragrância de perfumaria fina é muito
complexa, você chega às vezes a ter até
100 ingredientes. Foi preciso treinar o
sistema, começando com fragrâncias
mais simples, isso foi um trabalho mui-
to forte da Symrise com a IBM. Quando
entramos com o briefing, o sistema já es-
tava num nível de maturidade bom. E aí
sim, quando entramos com o briefing no
sistema foi muito rápido. Rapidamente
ele nos apresentou soluções muito den-
tro do que a gente acreditava. Pratica-
mente não mexemos na fragrância, foi a
criação que o sistema trouxe para gente
e que aí sim, foram avaliadas por todos
nós junto com os perfumistas. E nós
entendemos que eram criações inova-
doras, que traziam algum risco, porque