Ateneu Sociologia - Comte | Page 4

Fundamental para a ampliação das indústrias seria a obtenção de novas colônias, fornecedoras de mão-de-obra, matérias-primas, fontes de energia, mercado consumidor e até mesmo de espaço para instalação de filiais das unidades de produção. Mas onde encontrar tais colônias? Na América? Difícil. Quando da expansão ultramarina européia, entre os séculos XV e XVIII, este continente fora altamente explorado. Não que deixaria de sê-lo. Apenas não poderia continuar sendo nos moldes do capitalismo comercial. Assim, o neocolonialismo ou imperialismo tinha novo endereço: Ásia e África. E foi no processo de ampliação do capitalismo industrial que as nações européias iniciaram a partilha desses Mas o que foi encontrado nas continentes entre si. neocolônias? Politeísmo, sociedades de castas, poligamia, agricultura de subsistência. Necessário seria organizar as novas colônias para os padrões capitalistas europeus. A exploração sobre estes centros coloniais não poderia mostrar-se rude, ou seja, deveria ser vista sob o teor de uma “missão civilizadora”, o que nos faz entender que as nações industrializadas deveriam dar um caráter humanitário à exploração que se iniciava, passando a idéia de que não estariam nos continentes africano e asiático para explorá-los, mas para fazer-lhes o bem e inseri-los no contexto da modernidade. França, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Itália, Bélgica, entre outras, mesmo sem o consentimento das áreas partilhadas e dominadas, deveriam elevar essas regiões à condição de civilização, tirando-as de seu “estado de atraso” ou de “fósseis vivos”. Este cenário capitalista do século XIX não se desenhava sozinho. O mundo ainda estava pasmo com as teorias do cientista inglês Charles Darwin que, entre 1831 e 1836, a bordo do Beagle, fez observações e conclusões assustadoras. Darwin lançou a teoria da evolução biológica das espécies animais, que consistiu basicamente na idéia de que os seres vivos transformam-se continuamente como forma de garantir a sobrevivência. Comte, assistindo às transformações de produção e pensamentos europeus, ficou impressionado com as teorias de Darwin e transpôs o que via para suas análises sociais. . Por esta teoria, assim como sobrevivem entre as espécies animais apenas os “mais fortes”, o mesmo deveria acontecer entre as estruturas sociais: só mesmo as mais bem estruturadas sobreviveriam.