Influenciado pelo clima renascentista, favorável à leitura dos autores
clássicos, o contato com Homero (“Ilíada” e “Odisseia”, séc. VIII a.C.),
Virgílio (“Eneida”, séc. I a.C.), somando-se uma vasta experiência ,
adquirida em expedições marítimas e conflitos variados, Camões
realiza uma das grandes epopeias da Literatura Universal.
O poema apresenta
cunho enciclopédico,
pois além de narrar a
viagem de Vasco da
G a m a à s Í n d i a s,
relata várias
passagens da história
de Portugal, indo
desde a formação do
reino até o momento
em que Vasco da
Gama relata tais
acontecimentos ao
rei de Melinde. Os
acontecimentos que,
cronologicamente,
são posteriores à
viagem (1497-1499),
como a morte de
Bartolomeu Dias e a
descoberta do Brasil
(ambas em 1500),
são abordados
durante o poema como profecias, ou seja, o “maravilhoso pagão”
(influência clássica) justifica as ações futuras como profecias.
O poema épico é sempre um trabalho mais complexo que o lírico. Seu
próprio caráter narrativo sugere certa extensão se comparado a outros
gêneros poéticos. São três os fatores que podem influenciar uma
epopeia: um momento grandioso, no caso, o próprio renascimento;
um assunto grandioso, tratado no tema das grandes navegações; um
poeta grandioso, o “Bardo Português”, ou seja, Camões. O momento
histórico, o assunto simbólico e o “engenho e arte” no ofício poético
sintetizam as realizações e aspirações do homem português ao
renascentista.