A
qualidade que deles será exigida é o valor, a bravura pessoal, e só atuarão
por ordem dos governantes. A última será a dos cidadãos, aqueles que
suprem as necessidades materiais da coletividade, como os que cultivam a terra e
os artesãos. Para impedir que uma classe interfira nas funções das demais,
Sócrates propõe que os cidadãos sejam induzidos a acreditar numa “piedosa
mentira”, que é a seguinte: mesmo sendo todos irmãos, o deus que os modelou
utilizou diferentes metais: pôs ouro naqueles que são capazes de governar, prata
nos auxiliares e ferro nos demais. Trata-se, como se vê, de uma forma alegórica de
explicar a diferença entre os seres humanos, em razão de suas capacidades,
aptidões e qualidades.
A
s três classes imaginadas por Platão não são propriamente perfeitas. Mesmo
acreditando na hereditariedade, e supondo que os filhos dos guardiões
serão dignos de sucedê-los, também sabe que isto pode não acontecer, pela
simples razão de que nem sempre os filhos herdam as qualidades dos pais. Por
isso, a hereditariedade será apenas uma presunção favorável, mas não uma
garantia. Em conse