As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 57

busca de autoexpressão, produzirá ruído e efervescência, mas perderá em termos de eficácia e efetividade. A necessidade dessa articulação está posta pela vida. Afinal, o social que se fragmenta não desaparece como social. A dimensão coletiva da existência não se dissolve só porque a individualização se expande. Ainda continua a ser fundamental combinar ações e promover convergências. Além disso, os conflitos de classe permanecem mesmo que as classes não estejam podendo ser atores políticos no sentido próprio do termo. As estruturas de poder, ainda que possam ter enfraquecidos alguns de seus fluxos, preservam sua capacidade de emitir ordens, pressionar e coagir. As organizações políticas e sindicais de esquerda entenderam o recado das ruas de junho e se mantiveram à margem. Afi