ANTONIO - A SUA MAIS NOVA REVISTA - SAÚDE - Primeira Edição ANTONIO - A SUA MAIS NOVA REVISTA - Primeira Ediç | Page 32

EM PROL DA SAÚDE MENTAL A boa atuação do ômega-3 vai além da ansiedade DEPRESSÃO Eis o principal alvo de estudos. Nesse caso, entre os trunfos da gordura está a modulação de neurotransmissores associados ao humor. TDAH O nutriente atenuaria sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Há correntes que incentivam seu consumo na gestação como medida preventiva. AUTISMO Pesquisas apontam que a ingestão de ômega-3 traria mais qualidade de vida a alguns indivíduos com a doença. A interação social sairia beneficiada. ESQUIZOFRENIA Há bons indícios de que DHA e EPA seriam capazes de interferir nos mecanismos envolvidos nas crises de alucinação. TRANSTORNO BIPOLAR Marcado por oscilação no humor, esse distúrbio é mais um dos investigados por ser passível de melhora com a presença de ômega-3. Do outro lado do mundo, em centros de pesquisa chineses, a mesma ligação entre ômega-3 e ansiedade foi destrinchada em uma revisão de 19 estudos sobre o tema, envolvendo 2 240 participantes de 11 paí- ses. Robusto e fresquinho, ele indica que a substância seria capaz de abrandar os sin- tomas da ansiedade. A nutricionista Selma Sanches Dovichi, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, analisou o trabalho e explica que, entre outras coisas, o ômega-3 modula processos neurobiológicos, como os sistemas de neurotransmissão e neuro- plasticidade — basta entender que eles são essenciais para manter a saúde mental. En- tretanto, a professora é cautelosa e acredita que mais pesquisas precisam ser realizadas antes de bater qualquer martelo. Mas, como o assunto borbulha, já que os transtornos de ansiedade crescem ao redor do globo, a ciência não para. Pesquisadores franceses também estão atrás de respostas. Em um artigo publicado recentemente, eles 36 • SAÚDE É VITAL • JANEIRO 2019 exploram os possíveis mecanismos por trás das benesses da família poli-insaturada. Tanto EPA quanto DHA — mais comuns em peixes — parecem interferir no chama- do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. “Com isso, colaboram para reduzir a liberação de substâncias como o cortisol”, observa a nu- tricionista Maria Fernanda Cury Boaventu- ra, da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo. Trata-se de um hormônio que, em excesso, tem tudo a ver com o estresse. Ainda que alguns estudos mencionem o potencial das cápsulas de ômega-3 no com- bate à ansiedade, não se chegou a nenhum consenso sobre sua recomendação para esse fim. Fora que especialistas não acon- selham ingerir suplementos por conta pró- pria. E, vamos combinar, é melhor sabore- ar comida a engolir drágeas. Fica, então, o convite para se render ao sushi. Só o ritual dos restaurantes japoneses já é pura calma- ria. Para completar, os peixes tradicionais dessa cozinha estão repletos de ômega-3. E sabe o motivo de os pescados acumu- larem essa gordura? É que ela tende a ser mais líquida. Os nadadores de águas pro- fundas e gélidas não poderiam concentrar no organismo um tipo mais consistente, pois acabariam congelados. “Quanto à sar- dinha, embora o habitat seja menos frio, o comportamento migratório faz com que a espécie precise de grandes aportes de ener- gia”, explica Hellen Kato, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura. Uma estratégia para aproveitar até a úl- tima gota é comer o peixe com a pele mes- mo. “Ali, nas vísceras e na cabeça, estão as maiores concentrações de ômega-3”, diz o nutricionista Dennys Cintra, da Universi- dade Estadual de Campinas (Unicamp). As melhores fontes vegetais, caso de linhaça e chia, oferecem a versão chamada ALA, precursora do EPA e do DHA. Dentro do organismo, pela ação de enzimas, ela se converte, revelando seus dotes. É só ter calma... Mas isso, investindo no cardápio certo, você terá de sobra.