cobaça, mais tarde precisaria voltar a Lisboa e residir lá, pois queria continuar com os estudos. Assim, o amor que o coração bondoso de Álvaro tem a oferecer encontra-se dividido entre os livros e a prima. Entre Lisboa e Alcobaça. Entre a razão e o coração. Neste primeiro momento, Álvaro toma a decisão de partir a Lisboa. "Elle [Álvaro] tem ambições, sonhos; ella [Clarinha] só ambiciona e sonha e espera possuir-lhe o coração" (p. 15).
O autor descreve Lisboa sob a perspectiva de Alvaro: a capital portuguesa é um símbolo de polo cultural, um local pro-pício aos que buscavam a formação intelectual. O rapaz sente que não pode ficar em Alcobaça porque seu espírito não fora feito para se manter num lugar tão afastado do progresso intelectual que tanto desejava. Com a partida de Alvaro, sua prima Clarinha passa dias chorando diante da janela, olhando para a trilha que ele havia percorrido ao deixar a província.
Ao chegar em Lisboa, contudo, as suas expectativas não se constituem em plena realidade. Este é, sim, um polo de cultu-ra e desenvolvimento, mas é também um local de ambições ego-istas e decadente em relação ao que fora no passado. "Fez-lhe horror toda a cidade quasi mergulhada em trevas. Que pobreza a de uma nação, que fôra outr'ora poderosa e grande!" (p. 57). Es-panta-lhe o fato dos políticos da capital não conhecerem pessoal-mente seus eleitores.
No entanto, suas decepções começam a mudar num dia de festa, quando encontra o rei D. Pedro V, que seria coroado. Ao