Alberto Pimentel: dossiê com pesquisa historiográfica sobre o autor. 13 de novembro de 2015. | Page 24

"PREMIOS AOS ASSIGNANTES"

Uma prática comum aos jornais da época era oferecer como forma de incentivo exemplares de romances àqueles que aderiam à assinatura do periódico. Como exemplo, o Jornal do Recife (PE: 1894) publicou uma lista com títulos variados de romances: um deles era ofertado aos assinantes fizessem uma assinatura semestral. Dentre eles, dois títulos de Pimentel: "aven-

turas de um preten-dente pretendido" e Vinte annos de vida litteraria. Confira nas imagens a seguir:

Jornal do Recife (1894), ed. 6 - memoria.bn.br

"DESTE LIVRO NÃO SE PÓDE DIZER COM FRANQUEZA":

O PRECONCEITO ESCANCARADO CONTRA MULHER

Publicada na Revista Brasileira (RJ: 1898), encontramos um exemplo de como o machismo tão marcante no meio literário do século XIX era expresso de forma explícita nos periódicos da época. Ao citarem a publicação do livro "Luctas do coração", escrito por Ig-nez Sabino e prefaciado por Alberto Pimentel, os autores deste pe-

-riódico recusam-se a discorrer sobre o livro da autora, ale-

-gando que "deste livro não se póde dizer com fran-queza, porque é obra de uma senhora".

Ignez Sabino Pinho Maia (1853 - 1911)

"Poetisa, contista, romancista, memorialista e biógrafa brasileira nascida em Salvador, na Bahia,

cujo nome é lembrado por sua ação na luta pelos direitos femininos. (...) Publicou "Mulheres Ilustres

do Brasil "(1899), um livro com biografias de várias brasileiras, em várias profissões e histórias de vida. Um trabalho de pesquisa de grande importância histórica, especialmente literária, que resgatou informações e ilustrações sobre muitas brasileiras que poderiam estar esquecidas para sempre.

Além de publicações em livros, também escreveu inúmeros artigos em periódicos,

especialmente os dirigidos por mulheres, e em revistas e jornais."

dec.ufcg.edu.br

Revista Brasileira (1894),

ed. 14 - memoria.bn.br

O NOME DA MÃE DE PIMENTEL

E O SILENCIAMENTO FEMININO NO SÉCULO XIX

Ainda em relação a este silenciamento feminino, há de comentarmos mais um caso encontrado em nossas pesquisas. Em 1892, o Jornal do Recife publicou a breve nota: "finou-se no Porto a mãe do escriptor Alberto Pimentel" isto é, sem ao menos fazer alusão ao nome dela. Em dicionários bibliográficos também consultados por nós, há frequentemente menções ao nome do pai do autor Fortunato Augusto Pimentel mas nada sobre sua mãe. Somente quebramos o silêncio em torno de seu nome quando