aculturAR Vol. 01 | Page 18

Palmas é uma cidade jovem de apenas 28 anos, foi construída a partir da mistura de diversas culturas de povos que vieram em maior quantidade durante a década de 90. O que você acha que seria ideal para o fortalecimento da cultura de uma capital que apresenta traços culturais tão distintos?

Por incrível que pareça dos anos de 1999 a 2003 a cidade de Palmas era muito mais cultural e apresentava mais contemporaneidade do que a que temos hoje, isso em diversos aspectos. Bares, pessoas, circuitos culturais, cinema, shows, teatros, intelectuais, artistas etc. muitas pessoas vieram para cá, me incluo nessa parcela, pois achavam que a cidade ainda não tinham vícios

políticos como era comum em outros estados.

A cidade era riquíssima em relação à cultura contemporânea. Houve uma mudança de foco com as pessoas que ficaram e nasceram aqui, acredito que houve uma perca de identidade que poderia ser muito forte. A intervenção política, a verticalização da cidade mostra os rumos opostos à cidade cultural que presenciei antes. Hoje o estado necessitaria de um “acompanhamento” social intenso para que a arte e cultura local fosse mostrada de forma inteligente e compromissada para a sociedade palmense, dar mais visibilidade aos pequenos artistas.

Quais são os projetos em relação ao seu ateliê e também como gestor cultural?

Vou abrir o meu ateliê com o nome de “Ateliê 43” em homenagem a quadra em que eu moro (Arso 43). Estou terminando essa exposição “Território Imaginário”, já estou desenvolvendo outro

trabalho com giz pastel e seco que é completamente diferente do que eu venho fazendo, nele eu mostro a cidade a partir da visão pessoal mais intima de mim, uma espécie de autorretrato. Será um trabalho um pouco inquietante e acredito que terá censura por conta dos desenhos e pinturas feitas a partir de experiências próprias. Ainda espero confirmações política em relação ao trabalho como gestor, mas meu objetivo é colocar Palmas no circuito de arte contemporânea, pois acredito que isso será um grande avanço no setor cultural, tanto para a cidade quanto para todo o estado.

Exposição “Território Imaginário – Ocupações” do artísta Anônio Netto/ Foto: Camila Soares

A Bailaria e Coreografa Meire Maria Monteiro nos apresenta uma outra perspectiva de atuação cultural em Palmas, reconhecida nacionalmente pelo seu talento, a Coreografa viu a cidade nascer e contribuiu para a divulgação da cultura local.

Carioca morando no Tocantins há 27 anos, já chegou ao Estado com a trajetória de coreografa premiada em um concurso mundial de dança, com 35 anos de carteira interruptos, Meire Maria recebeu inúmeros prêmios, sempre foi uma ativista cultural, característica está que nasceu ainda no inicio de sua carreira. Ainda no Rio de Janeiro a coreografa se mudou para o Estado de Mato Grosso do Sul, onde participou do grupo de dança Trem da Morte onde o objetivo era incentivar o ativismo cultural, através apresentações e atividades artísticas.

Seu engajamento profissional voltado para a arte e cultura a trouxe para o recém-criado estado do Tocantins, a vinda para o novo estado a proporcionou diversos aprendizados e experiências positivas, como afirma Meire Maria.

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