aculturAR Vol. 01 | Page 13

Cantor, compositor, pesquisador e produtor cultural, Genésio Sampaio Filho veio de família humilde e tradicional. Sua influência no meio artístico deve-se aos bons costumes regionais. Natural goiano, época em que Tocantins ainda era Goiás. Ribeirinho e participante das lutas separatistas do Estado, preocupado com a identidade cultural dessa região. Tem uma trajetória de mais de trinta anos de música, fazendo dela uma ferramenta na luta a favor da tradição tocantinense.

Mais conhecido como Genésio do Tocantins, além do ‘DNA’ nativo, carrega consigo toda uma herança cultural herdada de sua família e do local onde nasceu. Da língua à fala, dos hábitos aos costumes, traços físicos e biótipos. “Tudo parte de um tecido social meio ‘colcha de retalhos’, que se manifestam nas mais variadas das expressões artísticas”, sintetiza.

O verdadeiro tesouro que herdou dos pais; por parte da mãe, excelente cantadeira e rezadeira, o amor por manifestações culturais populares e folguedos como: as folias de Reis e divino, as cantigas e danças de roda, os forrós, as cirandas, as novenas, as incelenças, os causos, as histórias de ‘Trancoso’. Por parte do pai, trovador, cordelista, mascate viajante, vendedor de livros, lhe veio o gosto pela leitura, a geopolítica, a estrada, a aventura, a fé e a esperança.

Seu primeiro sonho, este que continua sendo sonhado ao longo de toda sua vida; ser músico-poeta. E para Genésio, o sonho ainda não acabou. Não pensa em ‘concretização’ como os outros pensam, sua obra musical e poética é fluida e abstrata.

No início da carreira, dentre as dificuldades que lhe surgiram, principalmente foi não saber de nada sobre essa ‘carreira’ artística.

Segundo Genésio, essa caminhada é uma rota traçada, mas, às vezes nem sempre alcançada, sempre há mudanças de rumos e caminhos.

Enveredou-se por esse lado musical regionalista, essa forma de música por ele denominada nativista, influenciado pelo seu amor pelos cantadores de repentes e cordéis, o cego da feira com seu ‘reco-reco’, os foliões do Divino e de Reis, os vaqueiros com seus aboios dolentes, as cantadeiras de rodas, as lavadeiras da beira do rio, as quebradeiras de coco com seus cantos para alegrar a lida da vida da quebra e da brincadeira do coco.

Das principais razões que o levou a seguir esse trabalho de afirmação da cultura tocantinense que já vem

carregada do Goiás, Genésio aponta a necessidade de buscar as estruturas da identidade cultural, para um Estado jovem. “A divisão geográfica estabelece fronteiras, mas a cultura é liquida e transborda as fronteiras, criando a sua dinâmica própria. Então, culturalmente Goiás e Tocantins são estados irmãos que compartilham saberes, fazeres e manifestações populares parecidas, como as cavalhadas, as folias, as modas de viola. A ideia de um caldeirão cultural é natural, diante das diversas ondas de migrações que a região sofreu ao longo de centenas de anos, multiplicada pós a criação do Estado. Mas, é perceptível que este processo caminha para uma determinada síntese cultural, assim como aconteceu em outros estados e regiões, consagrando hábitos, costumes, inventando a tradição. ”

Genésio costuma usar o termo “tocantinidade” e o destaca como a identidade cultural e musical do Tocantins, marcada pelas grandes manifestações

Genésio Tocantins e seu amigo compositor Braguinha Barroso - Fonte: Programa Raízes

“Amante do simples, do rude, do rústico, dos anônimos, dos desconhecidos, dos que não fizeram o ‘sucesso’, dos sons que vem de todo um universo sonoro que me povoa, que me habita, que me faz um ser musical. Afilhado por afinidade de Luiz ‘Lua’ Gonzaga, o Rei do Baião, a minha música tinha que ser nata, nativa e ativa. Nativista, brinca o cantor.

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