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6 A Voz dos Reformados | Julho/Agosto 2020
Saúde
José Manuel Boavida
Presidente da Associação Protectora
dos Diabéticos de Portugal
Desde o dia 2 de Março, data em
que a ministra da Saúde anunciou
os dois primeiros casos de pessoas
infetadas em Portugal por SARS-
CoV-2, que a nossa vida mudou.
A 18 de Março foi decretado o estado
de emergência, com confinamento
obrigatório. Com o País
recolhido, começam a destacarse
as respostas para fazer face à
pandemia. Era importante que
os cuidados, a quem deles necessitava,
não parassem. Antecipando
o recolhimento em todo o
País, mesmo quando a pandemia
da COVID-19 ainda estava num
estágio inicial em Portugal, a Associação
Protectora dos Diabéticos
de Portugal (APDP) e muitos
centros de saúde rapidamente se
reorganizaram para garantir que o
acompanhamento às pessoas com
diabetes não fosse interrompido.
Nesse período foram aparecendo
evidências que chegaram de países
onde a pandemia chegou primeiro,
confirmando que as pessoas
com diabetes são, de facto, uma
população de risco, mais vulnerável
ao desenvolvimento de complicações
graves com a infeção pelo
coronavírus.
Manuel Passos
Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
Diabetes e COVID-19: a proteção
e os cuidados são muito importantes!
A 1 de Maio, o decreto-lei
20/2020 vem
determinar que as
pessoas imunodeprimidas
e com doenças
crónicas podem
justificar a falta ao
trabalho mediante
declaração médica
«desde que não possam
desempenhar a
sua atividade em regime de teletrabalho».
Mas eis que, numa retificação
publicada a 5 de Maio,
o Governo exclui a diabetes e a
hipertensão do regime excecional
de proteção. Esta, felizmente,
é uma questão ultrapassada, pois
o diploma foi chamado ao Parlamento
e, a 26 de Junho, foi reposto
o texto original. As pessoas com
diabetes conseguiram assim que
uma grande maioria da Assembleia
da República recusasse a
tentativa de lhes retirar o direito
a conseguirem concretizar o dever
de proteção especial. A iniciativa
da APDP, junto dos partidos e da
comunicação social, conseguiu
reverter uma decisão economicista
e de visões curtas. Foi reposta a
justiça e a verdade. As pessoas com
diabetes devem ter condições para
se proteger.
Esta nova situação contribuiu para
o aumento de muitas ansiedades
relacionadas, quer com a gestão
da diabetes, quer com a prevenção
da infeção. Não é por ter diabetes
que uma pessoa fica mais
exposta ao vírus. Quem se expõe
e não se protege é que tem maior
possibilidade de se infetar. Quanto
ao perigo que correm as pessoas
que se deixaram infetar, para que
seja o mais próximo possível do da
população em geral, é necessário
assegurar continuamente um bom
controlo da diabetes.
A gestão diária da diabetes tornou-se
agora mais exigente, sem
nunca esquecer as medidas de
afastamento e de uso da máscara,
em particular nas pessoas com
diabetes e mais de 60 anos, mais
suscetíveis a uma fragilização do
sistema imunitário. A obrigação
é que se protejam e se cuidem. A
APDP e os médicos e enfermeiros
de família terão que os ajudar,
sempre que necessário.
FUNDAÇÃO PORTUGUESA DO PULMÃO
Vacinar contra a gripe!
José Miguel Carvalho
Médico
Há cerca de dois anos, falando da prevenção das
infeções respiratórias, escrevemos nestas colunas:
1. Uma «simples» gripe, que muitas vezes não é
uma doença grave – apesar do grande mal-estar
que provoca, com febre alta, dores musculares e
alguns sintomas respiratórios – é erradamente
subestimada. A gripe é uma doença muito contagiosa
entre os conviventes próximos e pode
abrir caminho a outras complicações, quer pelo
atingimento do estado geral (que pode ser fatal
para quem já está debilitado por outras doenças
e pela idade), quer por se poder complicar com
pneumonias graves. A vacina antigripal, que deve
ser feita anualmente a partir de Outubro, é de uma
grande eficácia para prevenir estes quadros mais
graves de que falámos. A vacinação é gratuita em
todos os centros de saúde e partir dos 65 anos
de idade.
2. Este ano, em que parece que só há COVID, é
muito importante não nos esquecermos de fazer
a vacina antigripal em Outubro. Se esta vacina é
sempre uma boa e segura ajuda, neste próximo
Inverno, quanto mais conseguirmos evitar os episódios
gripais, mais ficaremos protegidos de todo o
rol de procedimentos diagnósticos e de ansiedades
instaladas sempre que haja uma suspeita de CO-
VID-19. De facto, como clinicamente a gripe e a
COVID se assemelham, cada caso suspeito ainda
mais complicará, não só a nossa vida pessoal, como
todo o serviço de saúde.
3. As medidas de proteção individual, nomeadamente
o uso de máscara nos ambientes fechados,
ajudarão a reduzir o risco de contágio, e devemos
mantê-las. Mas evitemos o clima de suspeição,
de medo dos outros, o pânico do contágio, a desconfiança,
a ideia de culpabilização dos outros,
dos «descuidados», dos «outros». A vida tem que
ser vivida com confiança, sabendo que há riscos,
mas que só com solidariedade e convivência ela
se completa.
Que Fazer? Lutar com Prudência e confiança!
Estamos a viver com o surto pandémico de COVID-19,
que assolou e assustou o nosso País e os povos do
mundo. Nunca será demais salientar a importância
que teve a existência dum Serviço Nacional de Saúde
(SNS) no embate à pandemia, embora debilitado
pelo desinvestimento feito nas últimas décadas, para
serem promovidos os serviços privados.
O SNS esteve à altura neste combate contra a CO-
VID-19 e foi determinante com os seus heroicos
profissionais. É necessário que se aproveite a oportunidade
para o tornar mais robusto e melhorar as
condições dos seus trabalhadores.
Agradecemos solidariamente!
Os nossos agradecimentos aos milhares de trabalhadores
do SNS e outros heróis da linha da frente deste
combate. Daqui enviamos uma grande saudação aos
nossos dirigentes das associações de reformados e
aos seus trabalhadores, que, desde a primeira hora,
venceram os receios, deitaram mãos à obra e agiram
de forma voluntária, dando e continuando a dar um
apoio extraordinário às pessoas idosas e dependentes
de que eram responsáveis! Bem hajam!
Infelizmente, as associações continuam de portas
fechadas, sem condições de exercer a sua atividade,
recreativa, cultural, de convívio, sem ligação aos associados.
Vêem-se privadas dos necessários meios
financeiros para o desenvolvimento da sua atividade.
O que exigimos?
Neste período excecional, o Estado deve tomar medidas
excecionais. Em Janeiro a Segurança Social
aumentou a comparticipação nas valências em três
por cento. Atualmente esse pequeno aumento não
cobre os custos que as associações gastam no aumento
do combustível gasto para apoio domiciliário
às pessoas idosas, confinadas em casa.
Às associações acresce a despesa da aquisição de
material especial de proteção para os trabalhadores
que desempenham essa heróica tarefa.
Exigimos pois que a Segurança Social, neste período
excecional, adote medidas de compensação financeira
às associações de reformados que zelam pelos idosos.
Os seus dirigentes podem contar com o apoio da
Confederação Nacional/MURPI, na exigência do
que é justo e necessário! Com confiança, cá estamos.