A Voz dos Reformados - Edição n.º 166 A Voz dos Reformados - Edição n.º 166 | Page 5

Julho/Agosto 2020 | A Voz dos Reformados 5 Entrevista é penalizante para as pessoas idosas Felizmente, logo no primeiro momento, a Câmara Municipal de Loures entendeu a gravidade da situação. Atribuiu um apoio financeiro e tem vindo, de forma regular, a distribuir algum EPI, álcool gel, produtos alimentares e, também muito importante, procurado ajudar a encontrar soluções para as novas dificuldades do dia-a-dia, disponibilizando apoio social, apoio psicológico, ajuda na entrega de medicamentos e alimentação. A CURPI não fechou «portas»... Com a responsabilidade que o momento exige, a CURPI tem reagido e lutado, realizando, por exemplo, uma Assembleia Geral para aprovação do relatório e contas de 2019, retomando as aulas de Desporto Sénior, num espaço exterior, e preparando a retoma da atividade do Grupo Coral «Outono da Vida». Hoje, passados mais de quatro meses, os problemas, sentidos pelos associados, dissiparam-se, ou, pelo contrário, agravaram-se? É difícil aos nossos associados e utentes entenderem o facto de não poderem frequentar as instalações (centro de convívio e centro de dia). No entanto, é-lhes permitido ir ao café, ao restaurante, ao supermercado, passear no centro comercial, ir ao cinema e ao teatro, utilizar os transportes públicos. Este estigma que está a ser criado é penalizante para as pessoas idosas, agrava alguns problemas de saúde, por falta do convívio social e acompanhamento na medicação dos que têm menor mobilidade, e aumenta os perigos de contágio daqueles que procuram o convívio nas esplanadas às portas dos estabelecimentos e outros espaços, muitas vezes sem a adequação/ proteção conveniente. Que mensagem diriges aos associados e aos trabalhadores desta instituição? Vivemos tempos difíceis e de incerteza. Temos que continuar a ser resilientes e trabalhar com todos, associados; trabalhadores e utentes, continuando a proporcionar mais e melhores condições de vida: melhores reformas, melhor acesso à saúde, à cultura e lazer; melhores salários, mais formação e EPI. A Direção da CURPI continuará a proporcionar aos utentes as melhores condições possíveis para uma velhice digna e em convívio. «Proteger os idosos não é estigmatizá-los» Como consideras a contínua falta de respostas por parte do Governo e dos órgãos decisores, como a Direção-Geral da Saúde, sobre a reabertura dos centros de dia? Não é justo e é um «castigo» demasiado pesado aos que deram uma vida de trabalho ao País. Proteger os idosos não é estigmatizá-los. Não desvalorizamos os riscos de contágio dos mais vulneráveis, idosos ou não, mas insistir nesta ideia de que os idosos não têm capacidade de tomar decisões informadas e responsáveis é tão perigosos como o vírus. Em algum momento foi feito o levantamento das instituições que tenham a resposta social de centro dia, tendo em conta as suas infraestruturas e recursos humanos? A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade tem dados sobre esta matéria. Da parte do MURPI existe muito pouco conhecimento/informação sobre esta matéria. É sensata a decisão do ISS de não permitir a entrada em funcionamento das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), continuando abertas apenas as que previamente tinham montada a resposta de Serviço de Apoio Domiciliário? O encerramento das associações, que se justificou na fase inicial, neste momento só contribui para aumentar o alarmismo e agravamento dos problemas de saúde nomeadamente os do foro mental. Continuar a insistir neste «isolamento» sem regras dos mais idosos só acarreta prejuízos a todos. A exemplo de que já aconteceu com todos os setores, alguns tão ou mais vulneráveis que os idosos, é urgente a reabertura, com orientações técnicas da DGS, dos centros de convívio e dia das associações de reformados. Que medidas avança o MURPI Nestes dias em que se procura valorizar o individualismo com o teletrabalho e o «isolamento», impõe-se o reforço do associativismo. Só um forte movimento associativo conseguirá ultrapassar a pandemia do vírus e vencer a «pandemia do medo». O levar à pratica as conclusões do IX Congresso do MURPI, o seu programa de ação e o caderno reivindicativo para 2020 são tarefas imediatas que se colocam a todos nós.