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Julho/Agosto 2020 | A Voz dos Reformados 5
Entrevista
é penalizante para as pessoas idosas
Felizmente, logo no primeiro momento, a Câmara
Municipal de Loures entendeu a gravidade da situação.
Atribuiu um apoio financeiro e tem vindo,
de forma regular, a distribuir algum EPI, álcool gel,
produtos alimentares e, também muito importante,
procurado ajudar a encontrar soluções para as
novas dificuldades do dia-a-dia, disponibilizando
apoio social, apoio psicológico, ajuda na entrega
de medicamentos e alimentação.
A CURPI não fechou «portas»...
Com a responsabilidade que o momento exige,
a CURPI tem reagido e lutado, realizando, por
exemplo, uma Assembleia Geral para aprovação
do relatório e contas de 2019, retomando as
aulas de Desporto Sénior, num espaço exterior,
e preparando a retoma da atividade do Grupo
Coral «Outono da Vida».
Hoje, passados mais de quatro meses, os problemas,
sentidos pelos associados, dissiparam-se,
ou, pelo contrário, agravaram-se?
É difícil aos nossos associados
e utentes entenderem o facto
de não poderem frequentar as
instalações (centro de convívio
e centro de dia). No entanto,
é-lhes permitido ir ao
café, ao restaurante, ao supermercado,
passear no centro
comercial, ir ao cinema e ao
teatro, utilizar os transportes
públicos.
Este estigma que está a ser
criado é penalizante para as
pessoas idosas, agrava alguns
problemas de saúde, por falta do convívio social
e acompanhamento na medicação dos que
têm menor mobilidade, e aumenta os perigos
de contágio daqueles que procuram o convívio
nas esplanadas às portas dos estabelecimentos e
outros espaços, muitas vezes sem a adequação/
proteção conveniente.
Que mensagem diriges aos
associados e aos trabalhadores
desta instituição?
Vivemos tempos difíceis e de
incerteza. Temos que continuar
a ser resilientes e trabalhar
com todos, associados;
trabalhadores e utentes,
continuando a proporcionar
mais e melhores condições
de vida: melhores reformas,
melhor acesso à saúde, à
cultura e lazer; melhores
salários, mais formação e
EPI. A Direção da CURPI
continuará a proporcionar
aos utentes as melhores condições possíveis
para uma velhice digna e em convívio.
«Proteger os idosos
não é estigmatizá-los»
Como consideras a contínua falta de respostas
por parte do Governo e dos órgãos decisores,
como a Direção-Geral da Saúde, sobre a reabertura
dos centros de dia?
Não é justo e é um «castigo» demasiado pesado
aos que deram uma vida de trabalho ao País.
Proteger os idosos não é estigmatizá-los. Não
desvalorizamos os riscos de contágio dos mais
vulneráveis, idosos ou não, mas insistir nesta
ideia de que os idosos não têm capacidade de
tomar decisões informadas e responsáveis é tão
perigosos como o vírus.
Em algum momento foi feito o levantamento
das instituições que tenham a resposta social
de centro dia, tendo em conta as suas infraestruturas
e recursos humanos?
A Confederação Nacional das Instituições de
Solidariedade tem dados sobre esta matéria. Da
parte do MURPI existe muito pouco conhecimento/informação
sobre esta matéria.
É sensata a decisão do ISS de não permitir a
entrada em funcionamento das Instituições
Particulares de Solidariedade Social (IPSS),
continuando abertas apenas as que previamente
tinham montada a resposta de Serviço
de Apoio Domiciliário?
O encerramento das associações, que se justificou
na fase inicial, neste momento só contribui
para aumentar o alarmismo e agravamento
dos problemas de saúde nomeadamente os
do foro mental. Continuar a insistir neste
«isolamento» sem regras dos mais idosos só
acarreta prejuízos a todos. A exemplo de que
já aconteceu com todos os setores, alguns tão
ou mais vulneráveis que os idosos, é urgente a
reabertura, com orientações técnicas da DGS,
dos centros de convívio e dia das associações
de reformados.
Que medidas avança o MURPI
Nestes dias em que se procura valorizar o individualismo
com o teletrabalho e o «isolamento»,
impõe-se o reforço do associativismo. Só um forte
movimento associativo conseguirá ultrapassar
a pandemia do vírus e vencer a «pandemia do
medo». O levar à pratica as conclusões do IX
Congresso do MURPI, o seu programa de ação
e o caderno reivindicativo para 2020 são tarefas
imediatas que se colocam a todos nós.