A Linguagem da Vida BE_SM_60_JAN_19 | Page 6

F ilhos o agressor, e até mesmo ao suicídio. Ou seja, é imprescindível adotar atitudes para evitar esse comportamento. Além do bullying no ambiente social e estudantil, há, também, o cyberbullying: as pessoas aproveitam a internet e, em mui- tos casos, se protegem atrás de perfis anô- nimos para incitar a violência e humilhar outras pessoas com xingamentos e expo- sição de fotos e vídeos. COMO CONVERSAR com as crianças sobre o assunto? Alguns países já adotaram programas e ações para combater o bullying. No Reino Unido e na Finlândia, a prática é considera- da crime e pode resultar em processos e multas. Já nos EUA, Canadá e Noruega, os colégios devem incluir no currículo escolar um plano para prevenção do bullying. A Finlândia adota, desde 2009, um pro- grama denominado KiVa, que busca dar apoio às vítimas de bullying e mudar o com- portamento dos agressores e das testemu- nhas, que, embora não pratiquem o ato, participam com o silêncio ou com risadas - o que aumenta o poder do agressor. O projeto eliminou o bullying em 80% das escolas e foi adotado por outros países na Europa e na América Latina. O Brasil também conta com ações sobre o tema: o Progra- ma de Combate à Intimida- ção Sistemática (Bullying), sancionado em 2015, es- clarece que instituições de ensino, clubes e agremia- ções recreativas devem assegurar medidas de conscientização, prevenção e combate à violência e à intimidação sistemática. Con- tudo, não há um acompanhamento ou fis- calização do cumprimento da norma. Por isso, muitas vezes, as ações são pontuais e pouco efetivas. Além da conscientização no ambiente estudantil, os pais têm papel fundamental nesse processo e precisam dar exemplos no dia a dia das crianças ou jovens, além de conversar sobre o tema. Muitas vezes, as crianças repetem o comportamento dos adultos. Sendo as- Além da conscientização no ambiente estudantil, os pais têm papel fundamental nesse processo e precisam dar exemplos no dia a dia de crianças e jovens, além de conversar com eles sobre o tema. N osso B em E star • Nº 60 • Janeiro 2019 • 6 sim, os pais devem tratar os outros com respeito, não só diante dos filhos, mas em qualquer situação. Se você ofende um vizi- nho devido a uma característica física dele, por exemplo, demonstra para seu filho que isso também pode ser feito na escola. A convivência familiar contribui, signi- ficativamente, nesse processo. Uma pes- quisa realizada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, com alunos en- tre 10 e 19 anos, mostrou que a interação familiar, o afeto, o estabelecimento de re- gras e a boa comunicação com os pais são fatores que fazem com que os estudantes não pratiquem o bullying. Além das atitudes, a conversa é outro fator importante. É necessário falar com as crianças, desde pequenas, sobre o tema, mostrando a elas que pode ser prejudicial. Os pequenos precisam aprender que os amigos e colegas da esco- la devem ser tratados com respei- to e que não devem ser excluídos de determinado grupo. Uma alternativa para intro- duzir o assunto é utilizar li- vros ou exemplos em filmes infantis em que o persona- gem tenha sofrido bullying. Há vários títulos so- bre o tema volta- dos para crianças de diferentes ida- des, como “Felis- bela Cara de…”, do autor Paulo Debs, “Me cha- me pelo meu nome”, de Nana Toledo e “Bruno e João”, de Jean-Claude R. Alphen. O diálogo é um fator relevante para que seus filhos não pratiquem bullying, saibam reconhecer caso sejam vítimas e não apoiem comportamentos hostis dos amigos na es- cola, no condomínio, na academia e, tam- bém, na internet e em grupos de mensagens. O QUE FAZER quando seu filho sofre bullying Muitas crianças sofrem bullying, e isso acontece, independentemente, da idade e de classe social, tanto em colégios públicos quanto privados. Geralmente, elas não fa- lam sobre isso com os pais e professores, seja por medo de que as agressões dos cole- gas aumentem, por achar que os adultos não vão acreditar, ou, mesmo, por vergonha. No entanto, é preciso ficar atento aos sinais que podem indicar que seu filho esteja passando por situações negativas na escola. Ele vem sentindo medo, ansiedade, dificul- dade de concentração, alterações de humor, seus materiais chegam em casa quebrados e ele está com machucados no corpo sem explicação? De repente, seu filho parou de querer ir à aula? Esses podem ser indicativos de agressões físicas ou psicológicas. Ser direto e perguntar se seu filho sofre bullying pode não gerar resultados. Em alguns casos, a melhor alternativa é começar a con- versa perguntando como foi o dia na escola, se ele tem amigos na classe e sobre atividades em grupo, como na educação física. Questio- ne sobre brincadeiras e atividades, se ele ou outro aluno ficou excluído do time e qual o