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E a Inglaterra não
pára de inventar
The Rocket, locomotiva construída por
George Stephenson em 1830
Fala-se muito nos avanços do século xx, e
eles foram de fato velozes e espetaculares, do
primeiro Ford Bigode ao ônibus espacial. Mas
a grande explosão das invenções tecnológicas
aconteceu mesmo no período que vai de meados do século xviii às primeiras décadas do século xix. Considerando as limitações da época,
foi o período áureo da imaginação humana e da
capacidade de inventar máquinas para transformar o mundo. Os ingleses realmente não
só saíram na frente da Revolução Industrial,
como corretamente entenderam a importância
de investir em máquinas.
Vamos, pois, ver alguns capítulos e personagens dessa longa e valorosa história.
Com razão, o inglês George Stephenson é
considerado o pai das estradas de ferro. Foi
ele quem desenhou a primeira delas e pôs para
funcionar a primeira locomotiva a vapor. Na
juventude, Stephenson trabalhava numa mina
de carvão como operador de máquinas a vapor. Experiência que se revelou fundamental
no momento em que ele decidiu desenvolver
as primeiras locomotivas. A número 1, projetada em 1814 e batizada de Blücher, modestamente se destinava ao transporte de carvão
dentro da mina. Tinha capacidade para 30
toneladas e foi a primeira locomotiva a usar
rodas com rebordos que a impediam de sair
dos trilhos.
Diante do grande sucesso, Stephenson foi
convocado para construir uma estrada de ferro
de 13 quilômetros entre Hetton e Sunderland.
A ferrovia usava a gravidade para mover a carga em percurso inclinado e locomotivas para
partes planas e subidas. Histórico: foi a primeira linha férrea a não usar nenhum tipo de
energia animal.
Também com razão, John Wilkinson ficou
conhecido como o grande ferreiro do século
xviii e mesmo “pai de todas as máquinas-ferramenta”. Nascido em Clifton em 1728, filho
de um ferreiro, com apenas 20 anos já tinha
dinheiro suficiente para montar o próprio forno de fundição. Mas Wilkinson não era um
ferreiro qualquer. Logo se tornara um renovador da fundição, produzindo ferro fundido
melhor e mais barato que os concorrentes.
Chegou até a usar o ferro para substituir produtos feitos de outros materiais como madeira
e pedra. Criou depois uma máquina de fazer
canhões – a “cannon-boring machine”.
Entre 1776 e 1779, ele construiu a primeira
ponte de ferro fundido, a Coalbrookdale, em
parceria com Abraham Darby, e depois o primeiro barco de ferro. A habilidade na construção de canhões lhe permitiu fazer cilindros
de qualidade, o que o colocou em contato com
James Watt, o pai da máquina a vapor. O talento de Wilkinson não só contribuiu para o