O final do século XVII e todo o século XVIII foram marcados por mudanças políticas, econômicas e sociais, guerras e revoluções na Europa. Nesse tempo, crescia e se espalhava o pensamento racionalista e individualista propagado pelos pensadores do Iluminismo.
As colônias inglesas da América do Norte também partilharam dessas mudanças e, inspiradas por ideias e impulsionadas por uma crise no sistema colonial vigente, rebelaram-se e conseguiram sua independência.
Essa atitude serviu de incentivo para outras colônias espalhadas pelo continente americano buscarem sua autonomia, sua liberdade, sua independência de suas metrópoles.
Uma série de fatores antecedentes irão influenciar nessa revolução: O primeiro é a Guerra dos Sete anos. Ela ocorreu entre a Inglaterra e a França entre os anos de 1756 e 1763. Foi uma guerra pela posse de territórios na América do Norte e a Inglaterra saiu vencedora. Mesmo assim, a metrópole resolveu cobras os prejuízos das batalhas dos colonos. Com aumento das taxas e impostos metropolitanos, os colonos fizeram protestos e manifestações contra a Inglaterra.
A guerra dos Sete Anos também possibilitou que muitos colonos britânicos, como George Washington, lutassem e adquirissem experiência militar.
A Inglaterra tornou-se, após a Guerra dos Sete Anos, a grande potência mundial e passou a desenvolver uma política crescente de domínio político e econômico sobre colônias. A Lei do Açúcar (American Revenue Act ou Sugar Act), em 1764, representou outro ato dessa nova política.
Essa lei reduzia de seis para três pence o imposto sobre o melaço estrangeiro, mas estabelecia impostos adicionais sobre o açúcar, artigos de luxo, vinhos, café, seda, roupas brancas. Desde 1733 havia lei semelhante, no entanto os impostos sobre os produtos perdiam-se na ineficiência das alfândegas inglesas nas colônias.
O que irritava os colonos não era tanto a Lei do Açúcar, mas a disposição da Inglaterra em fazê-la cumprir. Criou-se uma corte na Nova Escócia com jurisdição sobre todas as colônias da América para punir os que não cumprissem essa e outras leis. Além disso, a Lei do Açúcar procurava destruir uma tradição dos colonos da América: comprar o melaço para o comércio triangular onde ele fosse oferecido em melhores condições. Isso significava que a escolha nem sempre recaía sobre as ilhas inglesas do Caribe, mas também sobre as possessões francesas.
Ao indicar em sua introdução que seu objetivo era “melhorar a receita deste reino”, a Lei do Açúcar torna claro o mecanismo mercantilista que a Inglaterra pretendia. No segundo século da colonização, a Coroa britânica queria fazer as colônias cumprirem a sua função de colônias: engrandecimento da metrópole.
Ficava clara uma mudança na política inglesa. Os colonos reagiram imediatamente. Um deles, James Otis, publicou uma obra denunciando as medidas e reafirmando um velho princípio inglês que os colonos invocavam para si: “taxação sem representação é ilegal”.
Além dos protestos como o de James Otis, os colonos organizaram boicotes às importações de produtos ingleses, como, por exemplo, às rendas para a confecção de vestidos. No mesmo ano de 1764, o governo inglês baixa a Lei da Moeda, proibindo a emissão de papéis de crédito na colônia, que, até então, eram usados como moeda.
O comandante do exército britânico na América, general Thomas Gage, sugeria e fazia aprovar no mesmo ano a Lei de Hospedagem. Essa lei determinava as formas como os colonos deveriam abrigar os soldados da Inglaterra na América e fornecer-lhes alimento. Mais uma vez, a Lei de Hospedagem e a da Moeda revelam mudanças na política inglesa. O objetivo claro da Lei da Moeda era restringir a autonomia das colônias.
A Lei da Hospedagem desejava, em última análise, tornar as colônias mais baratas para o tesouro inglês. Porém, é somente com a Lei do Selo, de 1765, que notamos uma resistência organizada dos colonos a esta onda de leis mercantilistas. A Inglaterra estabelecia, em 22 de março de 1765, que todos os contratos, jornais, cartazes e documentos públicos fossem taxados. A lei caiu como uma bomba nas colônias! Foram realizados protestos em Boston e em outras grandes cidades. Em Nova York, um agente do governo inglês foi dependurado pelas calças num denominado “poste da liberdade”.
Em junho de 1754, foi organizada conferência das colônias inglesas em Albany (Nova York). Pela primeira vez, de fato, surge um plano de união entre as colônias, elaborado pelo bostoniano Benjamin Franklin, como forma de dar mais força aos colonos em sua luta contra os inimigos. A idéia de uma união desagradou o governo inglês, que temia os efeitos posteriores dela. As próprias colônias desconfiaram também dessa união, temendo a perda da autonomia. A Guerra Franco-índia e a dos Sete Anos acabaram por eliminar o Império Francês na América do Norte. Derrotada na Europa e na América, a França entrega para a Inglaterra uma parte de suas possessões no Caribe e no Canadá. De muitas formas, a Guerra dos Sete Anos é a mais importante de todas as guerras do século XVIII. Deixou evidente o que já aparecera em outras guerras: os interesses ingleses nem sempre eram idênticos aos dos colonos da América.
A derrota da França afastou o perigo permanente que as invasões francesas representavam na América, deixando os colonos menos dependentes do poderio militar inglês para sua defesa. Além disso, os habitantes das 13 colônias tinham experimentado a prática do exército e o exercício da força para conseguir seus objetivos e haviam tido, ainda que fracamente, sentimentos de unidade contra inimigos comuns. Somando-se a esse novo contexto, a política fiscal inglesa para com as colônias, após a Guerra dos Sete Anos, alterou-se bastante, como veremos adiante. Levando em conta os argumentos apresentados, é absolutamente correto relacionar as guerras coloniais com as origens da independência das 13 colônias.
Para favorecer a Companhia das Índias Orientais, que estava à beira da falência, o governo britânico lhe concede o monopólio da venda do chá para as colônias americanas. Os colonos tinham o mesmo hábito britânico do chá. Tal como na Inglaterra, o preço da bebida vinha baixando, tornando-a cada vez mais popular. Com o monopólio do fornecimento de chá nas mãos de uma companhia, os preços naturalmente subiriam. A reação dos colonos à lei foi, pelo menos, original. Primeiro a população procurou substituir o chá por café e chocolate para escapar ao monopólio. Além disso, na noite de 16 de dezembro de 1773, 150 colonos disfarçados de índios atacaram 3 navios no porto de Boston e atiraram o chá ao mar. Era a Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston). Cerca de 340 caixas de chá foram arremessadas ao mar. Um patriota entusiasmado disse: “O porto de Boston virou um bule de chá esta noite...”.
A reação do Parlamento inglês foi forte. Foram decretadas várias leis que os americanos passaram a chamar de “leis intoleráveis”. A mais conhecida delas interditava o porto de Boston até que fosse pago o prejuízo causado pelos colonos. A colônia de Massachusetts foi transformada em colônia real, o que emprestava grandes poderes a seu governador. O direito de reuniões foi restringido. A Inglaterra demonstrava que não toleraria oposições às suas leis.
No lugar da esperada submissão das colônias, a Inglaterra conseguiu com estas medidas apenas incentivar o processo de independência.
Em respostas, os colonos começara a articular um movimento de protesto contra medidas do governo inglês. Com esse objetivo, organizaram o Primei Congresso Continental da Filadélfia, em setembro de 1774, na qual se reuniram representantes de doze colônias.