Entre a abdicação de dom Pedro I e o Golpe da Maioridade de
dom Pedro II, os partidos Liberal e Conservador protagonizavam
disputas políticas da época. Os liberais (luzias) reivindicavam a
ampliação da autonomia dos governos provinciais e a reforma de
alguns aspectos contidos na Constituição de 1824; os conservadores
(saquaremas) eram favoráveis à manutenção da estrutura política
centralizada e à preservação dos poderes reservados ao imperador.
A eclosão das rebeliões e de outros movimentos de contesta-
ção que questionavam as determinações da Regência resultou,
em 1840, no Golpe da Maioridade. Dom Pedro II assumiu o
governo, foi apoiado e prestigiou a presença de figuras liberais
em seu ministério. Escândalos de violência e corrupção envol-
vendo os liberais nas eleições, porém, provocaram a dissolução
do ministério, em 1853, e a convocação de Honório Carneiro
Leão, o Marquês de Paraná, um político conservador que estava,
havia dez anos, rompido com dom Pedro II, para compor um
novo gabinete. No regime parlamentarista da época, o imperador
escolhia o presidente do Conselho de Ministros, e este formava o
gabinete, escolhendo os demais ministros. Carneiro Leão montou
um gabinete de liberais e conservadores mais leais a dom Pedro
II do que aos seus partidos.
O Gabinete Paraná representou a consolidação de uma
inédita estabilidade, que proporcionou conquistas inimagináveis
em tempos de ferrenha disputa política. Como havia unidade de
interesses das elites liberais e conservadoras, principalmente
em defesa da escravidão, o Segundo Reinado conseguiu manter
a sua estrutura centralizada sem maiores sobressaltos. Carneiro
Leão, que fora nomeado presidente da província de Pernambuco
após a repressão à Revolução Praieira, descobriu em primeira
mão que os princípios partidários eram vistos como irrelevantes
e ignorados em níveis provinciais e locais. Um gabinete poderia
ganhar o apoio de chefes locais para candidatos nacionais
usando apenas o clientelismo.
Quem narra muito bem esse período é Joaquim Nabuco, no
livro Um Estadista no Império, que o ex-presidente Fernando Henri-
que Cardoso não cansou de recomendar aos tucanos inconforma-
dos com sua aliança com o PFL, como o falecido governador paulista
Mário Covas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu seus
passos com sinal trocado, o que resultou no transformismo petista.
Dilma Rousseff, também desse ponto de vista, fez tudo errado e
perdeu o apoio das velhas oligarquias e dos novos chefes políticos.
O esgotamento da Era Vargas
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