A Capitolina 9, setembro 2014 | Página 13

violentamente contra ele, jogando-o para trás e fazendo-o afundar. Sente como se fosse – e aí novamente o “se” – algo que o tentasse dissuadi-lo. Pode parecer teimosia para uns, imaturidade para outros, mas quando toma uma decisão, leva-a ao fim e ao cabo, quaisquer que sejam suas consequências.

Retorna à superfície puxando o ar que quase faltou. Ainda não era o momento certo, diz para si mesmo, como quem encontra algo que há muito desejava, e agora reavalia se havia realmente sentido na força daquele querer.

Prossegue até ficar com a água quase na altura do rosto. Já não se formam ondas. A calmaria se estabeleceu no mar, o que, contraditoriamente, o deixa assustado. Talvez a agitação, o barulho das ondas na arrebentação, lhe sobrepujasse o fluxo de pensamentos que agora o aflige. Ao mesmo tempo, olha para o horizonte – já não é tão extenso como antes. Então fecha os olhos.

Toma coragem – ou apenas tento afastar o medo? – e deixa seu corpo flutuar de bruços na água. Ainda retém oxigênio para poder contemplar, durante algum tempo, seus últimos instantes. Abre os olhos e pouco vê além da espessa escuridão que logo se forma centímetros abaixo da superfície. O ar vai acabando, e uma sensação de pânico começa a se manifestar, mas mantém o corpo onde está. Contrações involuntárias dos músculos ocorrem quando se torna irremediável engolir a água salgada. Rapidamente, a escuridão total, seguida pela ausência de sons.

...

De súbito, ouço meu nome. Abro os olhos. A claridade inunda minhas retinas.