A Capitolina 16
Se desejarmos abordar o esoterismo a partir de uma perspectiva que lhe seja própria, qual seria então o método próprio a essa empresa? O que fazem os principais autores e especialistas nesta área de estudo, tanto do esoterismo como no estudo de religiões, é apontar a emergência do método empírico.
O esoterismo (enquanto noção restritamente ocidental) remete para todo um conjunto de materiais para o qual um estudo conciso somente possuiria êxito se investigado dentro de seu restrito ambiente geográfico, histórico e cultural (FAIVRE, 1994, p.26), ou seja, o mundo greco-latino e judaico-cristão visitado pelo islã. Segundo Faivre a sua proposta de estudo do esoterismo é delimitar fronteiras nas quais os seis elementos fundamentais sejam encontrados todos juntos em um determinado período histórico e geográfico, no qual já existiria a necessidade de buscar nomes para designar tal fenômeno. Este método buscaria afastar todos os riscos de anacronismos ou inconsistências comumente encontrados em estudos pouco rigorosos ou aventureiros do esoterismo e das religiões.
A legitimidade da pesquisa se arvora na questão comum a todos os homens, ou seja, a busca pelas respostas acerca da perplexidade na qual o homem se encontra ao estar lançando em um mundo estranho e repleto de enigmas, o qual o faz indagar-se sobre si e sua existência. O esoterismo é tão antigo quanto o pensamento ocidental e as suas histórias estão entrelaçadas seja como visões de mundo, concepções religiosas e metafísicas ou como desenvolvimentos científicos pelo qual percorreram até a modernidade.
De nenhuma maneira o estudo do esoterismo deve pretender-se científico – no rigor do termo –, nem inserir-se no âmbito do irracionalismo. Se admitirmos que apenas o que é “cientifico” ou “racional” produz “conhecimento” caímos em um poço sem fundo, o qual rejeita toda outra maneira (seja lógica, cognitiva, significativa) de pensar – compreender – o mundo. O pensamento esotérico possui sua própria epistemologia que os métodos hegemônicos rejeitam por não se enquadrarem neles. As ideias de correspondência e magia não fazem sentido em um mundo dominado pelos princípios de identidade, não-contradição e terceiro excluído. A “razão hermética” não deixa de ser “racional” ou produzir compreensão (em níveis ontológicos) por não ser redutível à lógica tradicional (a não-linearidade) ou fazer uso dela.
O estudo do esoterismo propõe resgatar uma maneira completamente válida - quando abordada metodologicamente - de atribuir sentido a um mundo muito amplo e passível de diversas aproximações, seja por parte da história da filosofia, do imaginário, do simbolismo, da antropologia, etc., como por sua própria via de acesso, a da “razão hermética”.
Antoine Faivre lançou os pontos coordenadores, dentre os quais podem ser acrescidos outros como fez Pierre Riffard (RIFFARD, 1996). A estes elementos fundamentais podem ser associadas abordagens que nos possibilitam se aproximar de nosso objeto. Abordagens particulares como a semiose hermética de Umberto Eco, no campo da semiótica, e a hermetica ratio em Gilbert Durand, na teoria do imaginário. Ambas, mais fortemente em Durand, partem da crise do pensamento moderno. Eco na contraposição entre a lógica formal-aristotélica e a lógica hermética; Durand na crise das ciências humanas e na contribuição epistemológica da “hermetica ratio”. Vemos que Durand pretende mostrar o retorno do princípio hermético da correspondência de dois modos: a profunda metodologia que sugere este princípio e a solução ao círculo, as reduções e fragmentações comuns às ciências sociais (DURAND, 1999, p.170).
formal-aristotélica e a lógica hermética; Durand na crise das ciências humanas e na contribuição epistemológica da “hermetica ratio”. Vemos que Durand pretende mostrar o retorno do princípio hermético da correspondência de dois modos: a profunda metodologia que sugere este princípio e a solução ao círculo, as reduções e fragmentações comuns às ciências sociais (DURAND, 1999, p.170).
O estudo do esoterismo pode, além de possibilitar outra maneira de compreensão acerca do real, ser também de grande importância para formulação de um pensamento ético ligado a situação do homem em relação com os outros homens e com a natureza.
Conclusão: A possibilidade de estudo e o(s) método(s) do Esoterismo Ocidental