por Rodrigo Zafra Toffolo
Pedro Borrado na terra das autoridades
mini conto
26 A Capitolina
O senhor nem imagina
os absurdos que escutei
à boca miúda do povo
nas terras que frequentei
podia deixar pra lá
mas uma eu encasquetei
Um tal de Pedro Borrado
complicado até no nome
inventou de ser prefeito
prometendo acabar com a fome
no fim das contas
queria mesmo era renome
Alinhavou daqui, teceu dali
foi eleito com largura
amanheceu no dia primeiro
colado à cadeira da prefeitura
de lá não saiu mais
usando toda sua postura
Problemas passam, problemas vêm
nada do homem resolver
diferente da conta bancária
não parava de crescer
quem alertou foi Joselindo
cabra difícil de conter
E o povo foi acumulando
demais a sua insatisfação
deixou de lado camaradagem
juntando todos em manifestação
que a polícia não tardou
a dispersar com “educação”
No jornal dia seguinte
foi como nada acontecido
Dono era amigo do prefeito
- pra que serve um amigo?
uma mão lava outra
e afastam o inimigo
Antes proprietário de nada
Borrado agora era fazendeiro
frequentava festas de grã-finos
viajando pelo País inteiro
assumiu cargo em Brasília
e esqueceu dos companheiros
Progrediu feito rastilho de pólvora
de assessor à Deputado
Disseram na cidade natal
que fez pacto com diabo
mas como evitar progresso
de homem tão determinado?
Ganhou título Honoris Causa
por projeto de valor
uma emenda à Constituição
tornando todo brasileiro Doutor
muito festejado pelos aliados
eleição seguinte virou Senador
As dívidas foram acumulando
de tudo quanto espécie
pra chegar longe assim
da ética até se esquece
foi capa de revista
depois direto pra P.F.
Julgado depois, condenado antes
perdeu toda a mordomia
dinheiro que vem ligeiro
se vai feito ventania
acabou preso numa cela
com bocado de companhia
Virou líder dos presos
exercendo autoridade com convicção
não demorou a despertar
a ira d´uma facção
alinhavou daqui, teceu dali
constituído chefe de nação