A Capitolina 7, julho 2014 | Page 30

por Rodrigo Zafra Toffolo

Pedro Borrado na terra das autoridades

mini conto

26 A Capitolina

O senhor nem imagina

os absurdos que escutei

à boca miúda do povo

nas terras que frequentei

podia deixar pra lá

mas uma eu encasquetei

Um tal de Pedro Borrado

complicado até no nome

inventou de ser prefeito

prometendo acabar com a fome

no fim das contas

queria mesmo era renome

Alinhavou daqui, teceu dali

foi eleito com largura

amanheceu no dia primeiro

colado à cadeira da prefeitura

de lá não saiu mais

usando toda sua postura

Problemas passam, problemas vêm

nada do homem resolver

diferente da conta bancária

não parava de crescer

quem alertou foi Joselindo

cabra difícil de conter

E o povo foi acumulando

demais a sua insatisfação

deixou de lado camaradagem

juntando todos em manifestação

que a polícia não tardou

a dispersar com “educação”

No jornal dia seguinte

foi como nada acontecido

Dono era amigo do prefeito

- pra que serve um amigo?

uma mão lava outra

e afastam o inimigo

Antes proprietário de nada

Borrado agora era fazendeiro

frequentava festas de grã-finos

viajando pelo País inteiro

assumiu cargo em Brasília

e esqueceu dos companheiros

Progrediu feito rastilho de pólvora

de assessor à Deputado

Disseram na cidade natal

que fez pacto com diabo

mas como evitar progresso

de homem tão determinado?

Ganhou título Honoris Causa

por projeto de valor

uma emenda à Constituição

tornando todo brasileiro Doutor

muito festejado pelos aliados

eleição seguinte virou Senador

As dívidas foram acumulando

de tudo quanto espécie

pra chegar longe assim

da ética até se esquece

foi capa de revista

depois direto pra P.F.

Julgado depois, condenado antes

perdeu toda a mordomia

dinheiro que vem ligeiro

se vai feito ventania

acabou preso numa cela

com bocado de companhia

Virou líder dos presos

exercendo autoridade com convicção

não demorou a despertar

a ira d´uma facção

alinhavou daqui, teceu dali

constituído chefe de nação