Escrituras 8
visitamos então – como repentina e completa é nossa imersão! Não existe nada aqui para se apoderar; nada para apoiar nossa viagem. A ilusão da ficção é gradual; seus efeitos são preparados; mas quem quando lê essas quatro linhas se detém a se perguntar quem as escreveu; ou traz à mente o pensamento da casa de Donne ou da secretária de Sidney; ou os captura no intrincado passado e na sucessão das gerações? O poeta é sempre nosso contemporâneo. Nosso ser naquele momento é centrado e constringindo, como em um choque violento de emoção particular. Subseqüentemente, é verdade, a sensação começa a se espalhar em círculos maiores na nossa mente; sentidos remotos são alcançados; isto começa a soar e comentar e ficamos cientes dos ecos e reflexos. A intensidade da poesia cobre uma imensa gama de emoções. Temos somente que comparar a força e o imediatismo de
I shall fall like a tree, and find my grave
Olny remembering that I grieve
Tombarei como uma árvore, e acharei meu túmulo
Lembrando somente que sofro
com a modulação ondulatória de
Minutes are numbered by the fall of sands,
As by an hour glass; the span of time
Doth waste us to our graves, and we look on it;
An age of pleasure, reveled out, comes home
At last and ends in sorrow; but the life,
Weary of riot, numbers every sand,
Wailing in sighs, until the last drop down,
So to conclude calamity in rest,
Minutos são numerados pelo cair das areias,
Como por uma hora de vidro; a duração do tempo
Faz-nos terminar em nossos túmulos, e os observamos;
Uma era de prazer, revelada, volta para o lar
Finalmente e termina em aflição; mas a vida,
Exausta de confusão, numera cada areia,
Lamenta em suspiros, até a queda da última gota,
Para concluir a calamidade no descanso
ou colocar a calma meditativa de
whether we be young or old,
Our destiny, our being’s heart and home,
Is with infinitude, and only there;
With hope it is, hope that can never die,
Effort, and expectation, and desire.
And something evermore about to be,
se somos jovens ou velhos,
Nosso destino, nosso ser é coração e o lar,
É com infinitude, e somente lá;
Com esperança é, esperança nunca pode morrer,
Esforço, e expectativa, e desejo.
E algo mais sempre está pra ser
junto a amabilidade completa e exaustiva de
The moving Moon went up the sky,
And no where did abide:
Softly she was going up,
And a star or two beside
A Lua dançante subiu no céu,
E em lugar algum permaneceu:
Suavemente ela foi subindo,
E uma ou duas estrelas ao lado
ou a fantasia esplendida de
And the woodland haunter
Shall not cease to saunter
When, far down some glade
Of the great world’s burning,
One soft flame upturning,
Seems, to his discerning,
Crocus in the shade.
E o assombrador da floresta
Não cessará de vaguear
Quando, longe abre uma clareira
Da maior queimadura do mundo,
Uma chama suave se vira,
Parece, a sua distinção,
Nas sombras um açafrão
para nós refletirmos sobre a variedade da arte do poeta; seu poder de fazer-nos de uma só vez atores e espectadores; seu poder de correr a mão pelo personagem como se fosse uma luva, e ser Falstaff ou Lear; seu poder de condensar, de expandir, a expressar, uma vez e pra sempre.