1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 287
das Américas. O trabalho de compilação da autocrítica revolucionária, especialmente a da ALN, foi obra de um coletivo de seis
pessoas – Takao Amano, Lídia Guerlenda, Conceição Imaculada
de Oliveira, Agonalto Pacheco, Carlos Scheinaderman – com redação final de Rafael de Falco. Afora os forçosos elogios a Marighella
como comandante, era um referendo à linha política do PCB, pacífica e legal, acrescentadas críticas à linha pacífica para não arrasar
integralmente a opção da luta armada. Os equívocos saltam em
todas as linhas do documento, ao destrinchar o caminho revolucionário brasileiro, suas organizações, expondo que guerrearam
isoladas ou desunidas.
Batizado com o nome de O pensamento político revolucionário de Marighella, uma contribuição para sua interpretação, a
crítica presente já nas primeiras páginas se prolonga até às últimas, sem ceder. O trabalho foi engavetado e sua publicação censurada pelos cubanos (e por Clara Charf) que bradaram contra o
traçado pouco edificante feito sobre Marighella e a organização:
além da tipificação de uma guerra sem glória e vitórias, o ônus da
derrota dos brasileiros era debitado à Revolução Cubana.
Na página 3, lê-se:
Despreparados para enfrentar uma repressão tão intensa como a
desatada depois de 13 de dezembro de 1968, com o AI-5, desconhecendo em boa medida as especificidades concretas de uma guerra
prolongada, e vítima, enfim, de inúmeras limitações políticas e
ideológicas, o movimento guerrilheiro e o movimento de massas
sofreram, desde então, duros revezes que os desorganizaram quase
que totalmente e que os colocaram, do ponto de vista político e
militar, numa situação de defensiva com perda de iniciativa.
Na página 78, ressalta-se:
A ofensiva política da ditadura, iniciada com o AI-5 e continuada
com a repressão sistemática e extremamente dura contra o movi-
mento popular, fora a antessala da contraofensiva militar das classes dominantes. Os Atos Institucionais do período prepararam as
condições para a atuação das forças repressivas contra um inimigo
Derrota anunciada: Luta armada e o PCB (1967-1973)
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