1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 283
Tinham sido eles que, ao destacar quadros profissionais para os
principais estados do país e aliar-se a candidatos-chaves, impingiram a que seria a primeira das grandes derrotas eleitorais irreversíveis do Estado militar-nacional. E ordenaram à máquina repressiva
que aniquilasse os comunistas.
As razões da ofensiva exterminadora:
Primeiro, a linha do PCB no imediato pós-golpe – agrupar amplos
segmentos democráticos na luta contra ele – teve um papel extraordinário no arranjo político de formação do MDB;
Segundo, superada o trauma das cisões favoráveis à luta armada, o
PCB fizera a última grande aliança em 1968 com a sociedade civil e
suas lideranças na Frente Ampla – prática histórica natural em sua
relação com outros atores e setores sociais. E sua investida com a
Frente Ampla, em torno da redemocratização pacífica, coagiu o
Estado militar-nacional a reagir com o Ato Institucional nº 5 para
atalhar a sua derruída, assunto que será discutido detalhadamente
mais adiante;
Terceiro, era então a organização de esquerda que conseguira
defender quadros no país, desenvolvera uma política eficaz contra
o Estado militar-nacional incrustada na frente de oposições; e lhe
estaria reservado uma relevância política (os comunistas espanhóis, após a derrocada do fascismo franquista, eleitoralmente
conquistaram a terceira bancada no parlamento espanhol e a administração de capitais e cidades importantes, em aliança com outras
forças de esquerda).
A expedição exterminadora do aparelho repressivo sobre o
PCB foi avisada ao partido, por dois coronéis comunistas, lotados no
Conselho de Segurança Nacional. Salomão Malina, o encarregado
da segurança do partido, me disse durante uma conversa, que não
houve tempo para recuar e enviar os dirigentes que aqui estavam
para o exterior. Ele jamais revelou o nome desses dois militares.
Derrota anunciada: Luta armada e o PCB (1967-1973)
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