1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 284
Sua declaração textual numa entrevista gravada em 1993:
Eles vieram para matar, de uma só vez, e sabiam quem queriam
matar, não tivemos como reagir.
A ditadura empilhou os cadáveres dos comunistas no período
1974-76 com prazer e volúpia fascista. A repressão selecionou os
quadros do CC cuja ação era excepcional no movimento social e político, aqueles mais envolvidos com a política pacífica de oposição. Não
apenas foram mortos, mas esquartejados, para impedir sua identificação. Foi um segundo 1935, tão cruel e fascista quanto o primeiro.
Em fevereiro de 1974, a repressão “visitou” o aparelho onde morava
Giocondo Dias, em São Paulo, simularam um assalto por ladrões
comuns. Ele fez uma varredura na casa e descobriu microfones embutidos. Estavam ultimando o extermínio. Retirou seus pertences pessoais e viajou para o Rio, abandonando a casa definitivamente.
Em março de 1974, foram capturados e posteriormente
assassinados pela repressão os comunistas José Roman e David
Capistrano da Costa, este do CC do PCB. Preso em Uruguaiana, no
dia 18 de março de 74, vindo da Argentina, retornava ao país depois
de uma estância de três anos em Praga, onde representara o PCB
na Revista Internacional, órgão do movimento comunista. Torturado e assassinado, seu corpo foi explodido com dinamite.
O mesmo destino teve seu chofer e militante do PCB José Ramón.
No dia 11 de janeiro de 1975, são presos e mortos Elson Costa,
mineiro, secretário do comitê estadual de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro; Hiram de Lima Pereira, pernambucano, ex-secretário de
administração da Prefeitura de Recife e ex-membro do CC. No dia
14 de janeiro, é encontrada a moderna gráfica da Voz Operária, em
São Paulo. Marco Antonio Tavares Coelho, editor do jornal,
ex-deputado federal e tesoureiro do CC, juntamente com Dimas da
Anunciação Perrin, dirigente comunista e suplente do CC, são
presos nesse local e barbaramente torturados, durante mais de 30
dias. No dia 26 de fevereiro, Jayme Amorim Miranda, ex-dirigente
do PCB em Alagoas, jornalista, advogado, recém-chegado de
Moscou, onde fizera curso no Instituto de Ciências Sociais do
PCUS, é preso e assassinado no Rio de Janeiro. Era o terceiro
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