1964 As armas da política e a ilusão armada | Page 11
APRESENTAÇÃO
H
á boas razões para rememorar o golpe militar de 1964
no seu quinquagésimo aniversário. É preciso lembrar
os erros do passado, e o seu custo, para não repeti-los.
Por isso a memória, na forma de museus, memoriais, arquivos,
publicações, documentários, livros didáticos e eventos outros de
toda sorte, é o material com que se constrói a educação política
das nações modernas. Para consolidar a cultura democrática dos
brasileiros e prevenir o retorno do golpismo, ou seja, da procura
por soluções contrárias ao Estado democrático de direito, é
preciso um ajuste de contas com o passado que ultrapasse em
muito as decisões, inevitáveis, sobre a investigação dos crimes
cometidos, a punição ou não dos culpados e a reparação das vítimas. É preciso compreender o ocorrido e divulgar essa compreensão, de maneira permanente, para as novas gerações. Passam
até hoje por esse processo os países europeus que vivenciaram
regimes fascistas e autoritários, assim como nossos vizinhos do
Cone Sul, egressos do ciclo de ditaduras militares inaugurado
com o golpe de 1964 no Brasil. Devemos comemorar, portanto,
o conjunto de publicações recentes dedicadas ao golpe, conjunto
que o presente volume integra.
A compreensão do passado histórico é um processo dialógico permanente, que exige a manifestação de todos os atores
envolvidos. No caso do golpe militar de 1964, um dos atores relevantes do período, a esquerda que optou desde o primeiro momento
pela resistência democrática à ditadura, aglutinada em torno do
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