100 anos da Revolução Russa PD_ESPECIAL | Page 152

atra­biliárias, da cultura e dos costu­mes da servidão. No território asiático, dominado pelo Império russo, as mulheres conquista- ram também não apenas assento nos Conselhos de gestão pública e nas cooperativas, mas inclusive o direito de ser ouvidas nas próprias relações familiares, o que antes lhes era interditado. A experiência soviética, nos seus 70 anos (da sua efetiva im­plantação, em 1921, até o seu desmoronamento, com a derru­ bada de Mikhail Gorbachov, o último secretário-geral do Parti­do Comunista e o último gover­nante, em 1991), coloca muitos inter- rogantes sobre este comple­xo e rico processo de ruptura. A ques- tão essencial é a respeito do que teria ocorrido que não permitiu que se ultrapassasse o capitalismo, com o seu natural sistema de exploração de uns ho­ mens sobre outros, e não se te­ nha cons- truído a nova sociedade de interesses comuns. Argumenta-se que o siste­ma foi minado por seus desvios buro- cráticos, ou que sucumbiu à poderosa propaganda ideoló­g ica do inimigo, ou que não se preocupou com os avanços cien­t íficos e tecnológicos senão na área da corrida armamentista no enfrenta- mento da "guerra fria" deixando de lado as necessida­des quotidia- nas da sociedade (a URSS foi a primeira no mundo a colocar um satélite artificial na órbita da Terra, a mandar um ser vivo para o espaço cósmico – a cadela Laika, a enviar o primei­ro homem, Y ­ uri Gagarin, ao espaço cósmico etc), ou desdenhou a questão das liberdades e da de­mocracia política. Erros foram muitos e não podemos fechar os olhos diante deles, nem muito menos tentar justificá-los, até por conta do necessário aprendizado que a so­ciedade humana realiza perma­nentemente. Não se trata apenas de terem assassinado a família real, de fecha- rem a Assembleia Constituinte, de promoverem a coletivização forçada da massa camponesa, de atropelarem di­reitos elementares em determi­nados momentos do processo revolucionário, de terem dizi­mado milhares de desc