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como cultos e bem instruídos, quer os rapazes como as raparigas. Por exemplo, D. Duarte e D. Pedro eram exímios escritores, D. Henrique iniciou o projeto das Descobertas e Isabel de Borgonha era uma mulher de vasta cultura que acabou por casar com um duque de Flandres, albergando uma corte rica marcada pelas artes.

Filipa é a Rainha das Descobertas, empenhando-se ao lado do marido e filhos nas estratégias e planos militares. Na verdade, o D. João confiava tanto na mulher que não tomava nenhuma decisão sobre este assunto sem o seu consentimento. Foi ela que, já doente, armou os filhos cavaleiros, dando-lhes a sua bênção e viu marido e filhos (entre eles o herdeiro) partir para Ceuta, morrendo dias depois da saída da armada.

Filipa é a Rainha das Descobertas, empenhando-se ao lado do marido e filhos nas estratégias e planos militares.

Filipa de Lencastre é uma mulher ilustre do seu tempo. Soube ser rainha, mulher e mãe, instruindo os seus filhos, amando o seu marido e abraçando as Descobertas. Na verdade, é a única mulher retratada no Padrão dos Descobrimentos em Belém e os restos mortais do rei, aquando da sua morte em 1433, foram colocados ao lado da mulher no Mosteiro da Batalha. 

D. Luísa de Gusmão

Se há mulheres que admiro na nossa História são as duas senhoras que se seguem: D. Luísa de Gusmão e a sua filha, D. Catarina de Bragança. São mulheres que perceberam que por Portugal qualquer sacrifício era válido.

É a D. Luísa de Gusmão que devemos a nossa independência, ou não fosse ela a grande estratega dos bastidores da Revolução de 1 de Dezembro de 1640.

Luísa era filha dos duques Medina-Sidónia, filha da alta nobreza espanhola e casa com João de Bragança, duque de Bragança – o homem mais importante de Portugal e futuro rei D. João IV – mudando-se para o Paço Ducal de Vila Viçosa. A intenção deste casamento é a união de casas portuguesas e espanholas de forma a manter uma união ibérica. 

Contudo, D. Luísa rapidamente percebeu o descontentamento da nobreza e começou as suas jogadas ou não tivesse a intenção de se tornar rainha de Portugal. Em boa verdade, é dito por historiadores que terá sido a nobre espanhola a incitar o marido a abraçar a causa da restauração, sem medo dos sacrifícios que seriam necessários. ‘’Antes uma hora rainha, que uma vida de duquesa’’, terá dito.

D. Luísa rapidamente percebeu o descontentamento da nobreza e começou as suas jogadas ou não tivesse a intenção de se tornar rainha de Portugal.

Após a vitória do 1º de dezembro de 1640, D. Luísa viaja para Lisboa em 1641 com os três filhos vivos do casal (dois morreram à nascença) e divide o seu tempo entre a educação dos novos filhos e a diplomacia.

Sempre modesta, pois uma guerra requeria dinheiro que Portugal não tinha, D. Luísa assumiu o governo sempre que o Rei se ausentava para uma batalha. A sua lucidez e perspicácia eram conhecidos por todos, inclusive pelo rei que deixou a regência à mulher em testamento, visto que o herdeiro ainda era menor (D. Afonso IV, pois Teodósio, o primeiro filho, havia morrido).

A rainha fez-se rodear de nobres de confiança e nunca cedeu às chantagens espanholas. Contudo, como a

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